08/03/2016

Largo do Camarão



Há locais e arruamentos na cidade do Porto tão singulares quanto típicas, que se demarcam pelas suas histórias e pelas memórias de cidadãos, cidadãos esses muitas das vezes anónimos, mas que se demarcam pela vontade em dar voz – e alma! – aos acontecimentos que marcaram lugares nesta cidade que mereciam ser mais bem preservados e reconhecidos que actualmente são encarados com uma tristeza nostálgica por aqueles que os conheceram em tempos de maior actividade e animação, quando a desertificação do centro urbano ainda era ficção científica.

Há muita coisa que gostaríamos de contar e relatar sobre o Largo do Camarão, principalmente naquilo que se basearia em relatos vivos de quem já aqui residiu ou quem se lembra de como era outrora, quando não era ocupado por tantos veículos automóveis, quando as crianças da zona brincavam no exterior ou jogavam futebol (curiosamente o termo mais adequado é quando «jogavam à bola»), ou quando a vizinhança se encontrava após um dia de trabalho e conversavam ou ainda se reuniam para ir ao S. João às Fontainhas entre outras centenas de ditos e histórias que marcaram este lugar. Infelizmente, por mais extensivo que fossemos, seria difícil ser justo para quem ainda pretende incluir uma memória ou um acontecimento neste local – só tudo o que envolve o seu passado e a dos moradores dava para ocupar centenas de páginas de um blogue (e não, não estamos a exagerar).

Já há muito que estávamos para descrever o Largo do Camarão, cuja toponímia até é bem conhecida: um dos seus mais distintos moradores durante o século XVII era Manuel Gonçalves, de alcunha Camarão, nome que veio a prevalecer para identificar o local. E tanto assim era que o Recolhimento das Viúvas Pobres de Nossa Senhora das Dores que ali foi fundado no século XIX ficou popularmente conhecido por Recolhimento do Camarão. 

Ao longo dos tempos o largo foi sofrendo alterações e parte dos prédios ali existentes, que datam então da época em que a cidade se expandiu fora de muralhas, sobretudo entre os séculos XVII – XVIII, acabaram por ser demolidos para dar origem a novas edificações (tanto assim que há registos que o mesmo tenha vindo a acontecer durante o século XIX e inícios do século XX). No entanto, não podemos deixar de frisar o conjunto composto por quatro prédios típicos com vários sinais de degradação que se encontram neste largo. O seu estado deixa muito a desejar… 

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