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22/04/2016

A Reabilitação do Matadouro Industrial de Campanhã



Referenciado durante demasiado tempo como um dos monumentos mais mal-aproveitados do Porto e com sinais de degradação elevados, o futuro do antigo Matadouro Industrial de Campanhã nem sempre pareceu promissor. Faltaram ideias, faltaram vontades, faltou mais acção e fortes tomadas de medidas no sentido de valorizar um complexo com um potencial enorme cuja utilidade poderia ter tido um melhor impacto na freguesia mais oriental da cidade do Porto.

A par do Mercado do Bolhão, tratando-se igualmente de um monumento municipal e emblemático, a sua reabilitação era mais que desejada há bem mais do que uma década, sabendo-se que adiá-la só se traduziria num preço cada vez mais elevado com o passar dos tempos. Felizmente, talvez porque pela primeira vez em muitos anos a câmara municipal do Porto parece ter um presidente inteligente ou com maior visão do que muitos (somos forçados a admiti-lo), o notável edifício do início do século XX vai ganhar uma nova vida e a sua reabilitação vai-se afirmar como um dos projectos mais importantes da cidade do início do século XXI.



Apresentando-se orgulhosamente o projecto em Milão, contando com a parceria entre a CMP e a ESAD (pela primeira vez em muitos anos o poder local começa a reconhecer o valor dos designers no que toca a projectos interiores, urbanos ou para equipamento), realça-se a sua importância em termos de adaptação de um antigo edifício a um propósito cultural e económico: contará com um museu industrial, galerias para exposições, áreas reservadas a empresas criativas, espaços sociais e de lazer, além de zonas ajardinadas.

Mais que um ambicioso projecto, com ligação directa ao metro e mais próxima à zona do Estádio do Dragão, trata-se de fazer o que é justo e adequado. 


Fonte:




18/04/2016

Comércio Cresce na Rua das Flores e em Sá da Bandeira



Trata-se de uma notícia do JN (do passado dia 14 de Abril) que comprova que a aposta na Reabilitação Urbana é uma mais-valia e compensa verdadeiramente. Não é por acaso que a Rua Mouzinho da Silveira, Rua das Flores e a Rua Sá da Bandeira são indicadas como as principais zonas comerciais emergentes do centro da cidade do Porto segundo a consultora Predibisa e a gestora de activos Capital Urbana.

Tendo em conta que a grave crise financeira que atravessa o nosso país ainda não cessou e que o crescimento económico ainda é lento, o que está a acontecer no Porto é mais do que resultado do empreendedorismo local, mas sobretudo de uma valorização e de uma aposta da Baixa que não tem antecedentes (tomando como ponto de partida a época contemporânea). A renovação e promoção do centro histórico, aliado ao forte interesse da Câmara Municipal – que reconheceu o potencial de converter a Rua das Flores numa via pedonal e de transformar a Praça de Lisboa junto aos Clérigos (quanto a nós, um dos projectos mais bem pensados das últimas décadas), por exemplo – permitiram que o turismo e os projectos de reabilitação dinamizassem um mercado muito próprio.


Uma vez que se trata de uma boa notícia e de um bom indicador para a cidade do Porto, talvez não haja mais a dizer senão o óbvio: esperamos que esta aposta se mantenha e se prolongue durante muitos mais anos, até ao dia em que a cidade adquira “maior brilho” e tire mais proveito de todo o seu potencial.

Jardim do Morro em Vila Nova de Gaia será Reabilitado



A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia irá investir meio milhão de euros na reabilitação do jardim junto à serra do Pilar, criando ainda um anfiteatro ao ar livre para fins culturais.

O jardim já existe desde 1927, faz parte da área de protecção do interessante Mosteiro da Serra do Pilar e a intenção de reabilitar este espaço próximo à Ponte Luís já é antiga. Através de um estudo elaborado pelos arquitectos Francisco Saraiva e Nuno Oliveira e o arquitecto paisagista Nuno Cunha Gomes, as obras de requalificação serão para arrancar no final da Primavera e deverão terminar num prazo de quatro meses. Contará com papeleiras, bancos e novas estruturas de saneamento, prevendo-se ainda a criação de um espaço infantil e a recuperação do lago, da gruta e ainda da estátua de Diogo Cassels, fundador da Escola do Torne. No fundo, será recuperar um desenho original do horticultor Alfredo Moreira da Silva e do capitão de engenharia João Oliveira Pombeiro.

Uma notícia que comprova a importância que as câmaras municipais do nosso território estão a dar à Reabilitação Urbana e à renovação dos espaços verdes como uma mais-valia para promoção e desenvolvimento das cidades, tornando-as mais convidativas. 

Fonte:



Derrocadas

As notícias que dão conta de derrocadas em edifícios devolutos não são novas e só apontam para o perigo que representam devido ao estado em que estão. Não é incomum que pedaços de pedras ou de betão das paredes se soltem e ainda menos se se tratar de partes de telhados quando falamos de edifícios velhos que estão abandonados ou sem a mínima manutenção há mais de uma década.

A legislação portuguesa ainda falha em impedir que muitos imóveis das nossas cidades acabem no abandono e na consequente degradação – tanto mais que o mesmo se regista em muitos edifícios de valor histórico que estão classificados e que se encontram nas mãos do próprio Estado! Sendo a aposta na Reabilitação Urbana muito recente, também se questiona quando irão surgir projectos e iniciativas mais criativas para que novas derrocadas de edifícios devolutos não aconteçam ou que coloquem transeuntes em risco.

O caso recente da derrocada de uma parede de um prédio na Rua do Vilar, no Porto, por acaso não fez vítimas, mas causou estragos e levou a medidas de precaução. O caso ainda mais notório e recente de um antigo armazém que chegou a ser o Hard Club em Vila Nova de Gaia por acaso não também fez vítimas, mas causou estragos ainda piores, impedindo a circulação na marginal do Cais de Gaia (e levando provavelmente a outras medidas de precaução). Sérias medidas de contingência poderia ter impedido estes incidentes.

As últimas derrocadas de paredes e muros de edifícios devolutos são atribuídas à constante chuva que tem caído sobre o nosso território e prevê-se que continuem a ocorrer… Esperemos que entretanto as autoridades responsáveis decidam que há realmente alguma medida séria a tomar antes que aconteça o pior.

Fonte:

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2016-04-16-Derrocada-corta-transito-na-marginal-de-Gaia



08/04/2016

Governo Toma Medidas para Salvaguardar Cidades Históricas – Mas a Que Custo?



Mais do que uma moda, tomou o sentido de urgência: investir na Reabilitação Urbana e procurar inverter os danos causados de décadas de más políticas que prejudicaram os centros urbanos históricos das principais cidades do país e os negócios tradicionais associados aos mesmos, gerando centros históricos quase vazios, devolutos e ingratos ao investimento.

É hoje sabido que a recuperação eficaz dos centros históricos como o do Porto só será possível através de um conjunto de medidas que passa por impedir que se degradem mais ou percam o seu encanto e as referências exclusivas que em muitos casos se revestem de um amplo valor cultural e histórico – que muitos proprietários, infelizmente, não compreendem ou pura e simplesmente preferem ignorar. Durante muitos anos o Comércio Tradicional, relacionado com lojas emblemáticas ou negócios que são uma referência para cidadãos e visitantes, esteve vulnerável a diversos factores de risco e é difícil explicar porque é que nunca se tomaram medidas antes para impedir que negócios com décadas ou mais de um século de existência cessassem actividade devido APENAS ao capricho de proprietários com ânsia de subir as rendas. O caso do Porto é paradigmático nesse aspecto, pois demonstra o ridículo a que se chegou em que se tornou preferível manter lojas fechadas e prédios inteiros vazios e/ou a degradarem-se em lugar de lucrarem menos do valor de renda especulados pelos espaços dos seus imóveis.

Mas embora seja fácil mencionar a “ganância” dos proprietários que conduziu a inúmeros despejos – não só de donos de lojas, mas igualmente de antigos inquilinos habituados a pagar rendas baixas –, mesmo quando os donos não faziam obras mínimas para justificar as suas intenções (tornadas possíveis com a liberação das rendas em plena crise!), é também necessário reconhecer que a culpa nunca foi apenas dos mesmos, mas igualmente das leis e das elevadas cargas fiscais que os prejudicam em muito quando são forçados a manter rendas de valor irrisório. Não é por acaso que sintam necessidade de contestar o projecto de lei do PS votada hoje em Assembleia para dar poder às câmaras de proteger os negócios tradicionais (e instituições várias) que fazem «parte das memórias das cidades, travando ainda o aumento especulativo das rendas durante 10 anos» (congelando-as) «para as entidades que municípios classificarem como espaços de interesse histórico e cultural.»

E aqui questionamos: A medida tem um bom princípio e peca por tardia, mas… e como garantir que daí não saiam prejudicados os proprietários? Terão ao menos benefícios fiscais para compensar esse conjunto medidas?

Enquanto o projecto de lei é até ao momento omisso no que toca aos interesses dos proprietários (pois nem todos são ricos ou verdadeiramente gananciosos), pelo menos já se toma como garantido alguns apoios e benefícios para reabilitar para arrendar – mas reabilitar para arrendar a preços acessíveis, atraindo moradores também para os centros urbanos. A par da ausência de pagamento de IMI (mas que só é reservada aos centros históricos classificados pela UNESCO), o governo assim demonstra a intenção de querer repovoar os centros vazios que durante décadas perderam a sua população. E parece que pela primeira vez um governo procura equacionar a reabilitação urbana com o arrendamento social – algo que certamente valorizamos e que hoje em dia faz todo o sentido, pois quando se fala do problema de «Tanta Casa Sem Gente/Tanta Gente Sem Casa» percebe-se bem que está directamente relacionado com a falta de medidas para contrariar esta tendência vergonhosa das nossas cidades.

E como demonstra o governo que tem preocupações sociais com o arrendamento? Dispondo generosamente de 1400 milhões de euros do Fundo de Estabilidade da Segurança Social para que proprietários sem recursos possam reabilitar os seus imóveis e garantir preços acessíveis… Ou seja, à parte das manobras fraudulentas que já devemos estar à espera e são típicas deste país, (até é de esperar que alguns políticos proprietários se sirvam dos seus contactos para aceder a este fundo de forma indevida), temos agora a Segurança Social a pagar obras de Reabilitação Urbana…

Poderíamos lançar um conjunto de questões relacionadas com esta medida, começando, evidentemente, pela questão de como poderia a cidade do Porto mudar para melhor com este último incentivo à reabilitação, mas o que nos preocupa mesmo é não saber se o governo estudou bem o que propõe, se sabe o que propõe e se não é capaz de contemplar outras soluções que não passem mais uma vez por disporem estouvadamente do financiamento dos descontos de centenas de milhares que temem um dia nem sequer ter reforma ou o mínimo auxílio social para uma plano do qual a maioria nunca usufruirá e de que nem sabemos se virá a funcionar na prática, com o impacto desejado.


Salvaguardar cidades históricas e garantir expansivamente a reabilitação das mesmas terá o seu custo, mas um custo que se justifique…


Fonte:





04/04/2016

Há Esperança para o Caminho Português de Santiago?



Esperança há sempre. Mas a esperança alimentada por políticos em Portugal já sabemos o que vale: um conjunto de boas intenções, criação de (falsas) expectativas, discursos para referir o problema através de frases «temos de…» é «necessário fazer…», iniciativas várias que apontam no sentido de que se vai fazer alguma coisa e depois, passados alguns anos, vemos que as coisas pouco evoluem ou ficam praticamente na mesma, quando não obtém os tristes resultados que deixam muito a desejar.

Há que relembrar que os problemas relacionados com o Caminho Português para Santiago são complexos e não apresentam fácil resolução, tal como os problemas relacionados com a eficácia da Reabilitação Urbana nos Centros Históricos (que de alguma forma também está relacionado). E para termos em conta essa complexidade ou as dificuldades de uma total adequação do Caminho Português para Santiago a pedestres e às circunstâncias contemporâneas que passam por roteiros antigos tomamos como exemplo o(s) Caminho(s) para Fátima – com décadas de existência e ainda assim parcos ou inexistentes foram os esforços de sucessivos governos para que as principais vias se tornassem seguras, fossem bem sinalizadas ou desviadas de locais de maior tráfego automóvel (ao contrário do esforço de cidadãos anónimos e associações que procuram fazer a diferença). É de supor se isto já se passa com vias que todos os anos são percorridas por centenas a milhares de peregrinos todos os anos e com os quais se verificam constantemente acidentes ou dificuldades, imagine-se com o Caminho Português de Santiago que o Eixo Atlântico quer candidatar à UNESCO!

De qualquer maneira não vamos transformar uma notícia positiva que demonstra claramente a intenção de várias autarquias do Norte em recuperar e valorizar este Caminho em algo suspeito ou numa falsa promessa. É preciso salientar, isso sim, que tornar este velho roteiro transitável e funcional vai implicar mais do que uma boa sinalização, mas sobretudo a transformação e/ou a adaptação de muitas artérias e vias que se encontram inadequadas ou desprezadas, complementando-as com melhores serviços de informação, MAIOR PROMOÇÃO, e um claro auxílio aos peregrinos – nomeadamente albergues (ou seja, vai implicar variadas estratégias, escolhas, inteira dedicação, obras, intervenções, cooperação com diferentes entidades e projectos faseados que poderão levar bem mais do que uma década a implementar para que se torne inteiramente funcional). E depois há as pequenas questões por esclarecer que deveriam ser salutares:

 »Será que futuramente este Caminho tornar-se-á bem mais seguro e que exija menos esforços e menores exigências por parte daqueles que pretendem percorrê-lo?

 »Será devidamente complementado com novas vias de acesso para fugir a locais de maior tráfego automóvel e riscos de circulação?

 »Áreas urbanas por onde passa o antigo Caminho terão prioridade em termos de Reabilitação, tornando-o mais cativante e convidativo?

 »Terá em conta o meio ambiente e também irá dispor de passagens e vias arborizadas ou minimamente salvaguardas para que os peregrinos sejam poupados aos fumos e gases de tubos de escape automóvel ou à poluição citadina?

 »A reabilitação prevista da Circunvalação e de outras estradas principais na Área Metropolitana do Porto terá em conta passagens preparadas ou adaptadas a este Caminho?

 »Prevê-se que todo o Caminho possa conter uma longa ciclovia, adequando-o também a ciclistas?

 »O Caminho Litoral Português para Santiago terá em conta o Caminho para Fátima, os problemas de segurança que presentemente apresenta e ambos poderão ser fundidos num só?

 »Estas vias que compõem o Caminho serão privilegiadas e para além de uma sinalética própria o seu piso apresentará um padrão facilmente identificável e coerente com as necessidades de caminhantes (mas também de ciclistas) e ainda assim coerentes com os locais e centros históricos pelos quais passam?


De momento, são questões sem resposta.

É óbvio que esta notícia não diz só respeito ao Porto ou à sua área metropolitana, mas tendo em conta os esforços de outros municípios do Norte do país em recuperar acessos e melhorar a sinalética para o velho Caminho Português de Santiago, já era mais que altura do Porto começar a dar também o exemplo – começando pela Sé e o rico Centro Histórico que a envolve.


Fonte:




29/03/2016

Antigo Depósito da Água da CP será Reabilitado























Embora a notícia falhe por confundir professores por alunos, pelo menos promete quebrar com a ideia de que a reabilitação de equipamentos e estruturas não pode ser efectuada por designers.

Elias Marques e Sérgio Correia, professores da ESAD (e igualmente EX-ALUNOS) vão assim recuperar um antigo depósito de água de 1884 que se encontra junto à estação de metro da Senhora da Hora e que está em risco de ruir. O alerta para os riscos de perda desta estrutura partiu do Movimento Cívico pela Recuperação do Património da Senhora da Hora, cujo interessante trabalho merece ser acompanhado de perto (é pena que ainda escasse mais movimentos do género noutras freguesias e concelhos, embora inúmeros cidadãos vão ganhando cada vez mais respeito e maior sensibilidade em relação ao património em risco das áreas que os rodeiam.

As obras arrancarão em Abril e irão assim dar início a um plano que a própria Câmara Municipal já contemplava há alguns anos, mas que nunca pôde concretizar devido à falta de autorização da IP (Infraestruturas de Portugal), proprietário do equipamento.

21/03/2016

Escola Secundária Alexandre Herculano com Tectos a Cair e Pisos a Aluir

Infiltrações de água, tectos a cair, aluimento de pisos e derrocadas, caixilharias das janelas apodrecidas e sobrecargas eléctricas sistemáticas na Escola Secundária Alexandre Herculano da autoria de José Marques da Silva… É isto que relata o JN da passada sexta-feira.

Já há algum tempo que temos dado conta de relatos do género e já foi anunciado que esta escola, projecto de um dos mais notáveis arquitectos da cidade do Porto, necessitaria de obras, mas não julgávamos que o caso fosse tão (apesar da presença de musgo na fachada principal já nos ter causado alguma preocupação).

Esta escola é um ícone da arquitectura civil portuguesa do início do século XX e é mesmo difícil acreditar que nos últimos anos não se fizeram as obras de manutenção mais básicas para evitar prejuízos piores ou garantir a sua dignidade – tanto mais com as centenas de milhões de euros que já foram gastos (em parte esbanjados/desperdiçados) com a Parque Escolar! Em matérias civilizacionais há que saber definir prioridades e antes de se falar simplesmente do património há que salientar que a Saúde e a Educação não se brinca; afinal são dois pilares valiosos da nossa sociedade, não são? E com sentimentos de exclusão deve-se brincar ainda menos, a não ser que queiramos regredir ao século XIX: o caso desta escola parece descrever um dos mais tristes problemas que a população do Porto enfrente há décadas (ou talvez mais), que é a sua divisão por uma área ocidental e oriental, fazendo com que os habitantes de Bonfim e Campanhã (sobretudo os de Campanhã) continuem a ser mais prejudicados.

Por curiosidade, não reunimos até ao momento o mesmo tipo de relatos graves na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, que é justamente da autoria do mesmo arquitecto e da mesma época… Embora possamos estar errados no que toca à sua manutenção, a título de comparação, isso dá que pensar.

25/02/2016

Afinal, talvez não vá existir Maior Investimento para a Reabilitação Urbana

É uma notícia que está a marcar esta semana, principalmente para quem se interessa pelo assunto e já está cansado de se deparar sempre com o mesmo. Parecem não faltar promessas e vontades por parte de sucessivos governos, mas depois... surge a inércia, as estranhas desculpas, o desprezo, a ignorância.

Durante décadas Portugal teve políticas baseadas no betão - construiu-se demais, uns poucos beneficiaram e continuam a beneficiar (demais) e mais de dois terços da população nem usufruí do que se construiu (sobretudo em matéria de auto-estradas) - e o que ficou por fazer, no essencial, como os investimentos na Reabilitação Urbana ou na Requalificação de Centros Históricos (para não falar de escolas, hospitais, etc.), vai continuar a ter uma parca atenção imerecida.

O alerta recente parte da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas: Estão 35 000 empregos e 8500 empresas em risco na área da construção porque afinal de contas o mais recente Orçamento de Estado não promove nem prevê maiores investimentos na Reabilitação Urbana. Não existe um quadro fiscal estável e os constrangimentos vão-se suceder, limitando-se o investimento nesta área até mesmo pelos privados.

Esta situação parece comprovar o estado crítico em que se encontra o país: impossibilitado de andar para a frente, parece que não detém margem para fazer o necessário. E o que é o necessário? Não adiar o futuro, pois como se tem sempre comprovado, principalmente dentro desta área, é que muitos desinvestimentos do passado levaram a prejuízos no presente. Imagine-se o que é gastar dezenas de milhões para recuperar um único monumento que é Património do Estado apenas porque durante anos a fio não se executaram as manutenções mais elementares.

E quando falamos deste investimento, também pensamos na área ambiental e na sustentabilidade energética. Portugal está a perder milhões com o desperdício de recursos e não contabiliza sequer a energia do Sol para que muito do que temos não se encontre revestido por painéis solares, por exemplo (até as estações do Metro e troços das suas linhas deveriam estar cobertos por esses mesmos painéis, já para não pensar nas possibilidades desta tecnologia em escolas e hospitais ou muitos outros edíficios públicos). Também há que equacionar aqui o investimento em melhores isolamentos no património edificado ou no aproveitamento de águas da chuva para sanitários e regas, sistemas inteligentes de gastos energéticos, etc, etc, etc.

Ainda há muito fazer e muito se torna necessário investir. Se realmente o governo não olhar para o sector da construção de forma diferente e verdadeiramente conclusivo para fazer avançar o país (apostando-se onde se deve apostar, de forma sábia e equílibrada em lugar de se fazer só asneiras), a médio e longo prazo estará muito mais em risco do que dezenas de milhares de empregos e empresas.

Fonte: 


09/02/2016

Fundos Comunitários da Portugal 2020 vão apoiar pela 1ª Vez Investimentos na Habitação

Um novo instrumento financeiro para a Reabilitação Urbana estará disponível através do IFRRU 2020 a partir do segundo semestre de 2016. São 2 Mil Milhões de Euros que poderão ser utilizados através de qualquer entidade pública ou privada que assim se poderá financiar em condições mais vantajosas para reabilitar edíficios. E pela primeira vez os fundos comunitários irão apoiar investimentos na Habitação para além do comércio, turismo e de outros serviços. Os munícipios estarão envolvidos, tendo assento no comité de investimento e determinando os territórios comprioridade a reabilitar (no caso da cidade do Porto, além do Centro Histórico e de várias freguesias, foi óptima a iniciativa de estender a ARU a Campanhã, após décadas de desprezo deste território singular que conjuga características de cidade e campo). 

Aliando-se benefícios fiscais e melhores instrumentos em termos de financiamento, talvez a Reabilitação Urbana venha a destacar-se ainda mais na cidade do Porto e a contribuir para que se melhore a imagem de tantos prédios históricos que na prática precisarão de uma remodelação profunda para serem reabitaveís. 

Fonte:


30/01/2016

“Mapping our Tiles” – A Georreferenciação de Azulejos


É de longe um dos projectos mais interessantes que tivemos o prazer em acompanhar e promover. “Mapping our Tiles” é uma iniciativa de três engenheiras motivada pela valorização «e partilha da beleza dos azulejos das casas do Porto e de Portugal», caracterizando-se pela georreferenciação dos mesmos que liga diversos padrões às localizações físicas onde existem.

O site da iniciativa foi lançado em Novembro de 2015 e trata-se, evidentemente, de um projecto a longo prazo. A ideia conta com a colaboração de todos, tendo como ponto de partida que cada cidadão fotografe um determinado padrão de azulejos e tome nota da sua localização. Poderá enviar esse registo por email (mappingourtiles@bonjardim.pt) ou através da rede social Instagram (#mappingourtiles); posteriormente será feita a sua validação e a sua inscrição no mapa de Portugal que existe na internet.

É evidente que adoramos a iniciativa, uma vez que se tratar da valorização de um património que merece ser substancialmente promovido, pelo que
convidamos o maior número de cidadãos do Porto a colaborar. Fique a saber mais em:



Fonte:




29/01/2016

Hotéis a Mais no Porto?


O que à partida é óptimo para a economia da cidade (e sempre o reconhecemos) não está isento de riscos. Enquanto surgem cada vez mais hostels, pousadas e hotéis no Porto e os números do turismo crescem de ano para ano poucos parecem considerar o que se espera do outro lado da balança: a prudência questionará se não se está a gerar uma bolha e se a presença em demasia de hotéis não descaracterizará o Centro Histórico ou poderá ainda pôr em causa a sua classificação como Património da Humanidade.

Esta opinião, ou reflexão, avançada pela actual Secretária de Estado da Cultura cruza-se com outros problemas já diagnosticados e que as notícias foram dando conta mediante a “pressa” para transformar um centro histórico num espaço cosmopolita, mas despojado ou pouco conciliador com os seus habitantes originais. Este fenómeno começou com a reconstrução (não confundir com reabilitação) dos prédios no Largo dos Loios legitimamente censurada pelo ICOMOS em 2012. Vão-se suceder posteriormente as queixas de moradores da Zona da Movida relativamente à falta de legislação ou regulamentação dos bares e da noite que os perturbam durante os anos seguintes. E acresce-se a isso a pressão sentida pelos moradores e lojistas originais (Sé/Vitória/S. Nicolau) por parte dos proprietários para abandonarem as facções que ocupam para novos empreendimentos turísticos (sobretudo hostels), algo que já foi avançado numa notícia em Novembro de 2015. E agora surgem mais pedidos de licenciamento de hotéis na ordem das dezenas – e sobretudo na Ribeira!

É certo que já identificamos muitos palacetes e casas ou propriedades devolutas que davam para ser transformados em excelentes em pousadas ou hotéis, mas sobretudo fora do centro histórico classificado (antiga Fábrica de Cerâmica de Massarelos, as ruínas do Convento de Monchique, a Quinta dos Salgueiros nas Antas, etc.), mas tudo necessitará do seu equilíbrio. E se os próprios cidadãos do Porto, os seus costumes, as suas tradições, o seu “bairrismo” e a sua relação com a cidade também são parte do seu rico património, convém que estes não sejam esquecidos ou continuadamente renegados para segundo ou terceiro plano.

Para variar, é errado permitir que o “Efeito Donut” continue a acentuar-se no Porto (motivado até por vários motivos, mas este é mais um) e que a cidade continue a perder os seus cidadãos mais legítimos para as suas periferias. Habituamo-nos demasiado, enquanto sociedade, a pensar no presente; mas no futuro teremos de lidar com as possíveis consequências.

Fonte:

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/cultura/hoteis-no-porto-podem-por-em-causa-patrimonio-da-humanidade

https://www.publico.pt/local/noticia/secretaria-de-estado-alertou-para-o-numero-de-hoteis-no-porto-e-apoiou-candidatura-das-caves-de-gaia-a-patrimonio-mundial-1721711

http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=4886842

25/01/2016

A Santa Casa vai Investir 10 Milhões de Euros na Reabilitação Urbana



Muitos ainda se irão surpreender quando for revelado que já se estimou que a Santa Casa da Misericórdia do Porto possuía quase um terço dos imóveis da cidade, muitos dos quais no seu Centro Histórico. É um património inestimável e muito do qual serve precisamente para habitação.

Este investimento é uma boa notícia. Ao pretender candidatar mais de 50 imóveis ao programa Reabilitar para Arrendar gerido pela IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) e com um investimento na ordem dos 10 milhões de euros, estamos a falar na devolução de 300 habitações ao Porto. E a SCMP não pretende ficar por aqui, uma vez que detém um acordo com o governo a identificar e a apoiar outras instituições de carácter solidário detentoras de património dentro da área metropolitana para promover uma extensão deste programa.

O primeiro prédio da Santa Casa a entrar obras para ser reabilitado será o Nº98 da Rua Chã, destinado a habitação e comércio. Se as restantes reabilitações de casas pertencentes à instituição prosseguirem a bom ritmo, parte da paisagem urbana do Porto poderá mudar em pouco tempo… para melhor.

Fonte:

22/01/2016

A Ronda de Audiências com Partidos pela Habita


É uma iniciativa tão interessante quanto urgente, pois da mesma forma que Portugal começou há alguns anos atrás a dar os primeiros passos numa verdadeira política de Reabilitação Urbana ainda há um atraso civilizacional efectivo no Direito e Garantia à Habitação (conforme as normas do Artigo 65º da Constituição Portuguesa e vários artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos) ou na ausência da construção de um novo Paradigma de Habitação Social e/ou Comunitária.

O que é curioso no meio disto tudo é que temos de frisar várias inconsistências de funcionalidade que realmente dão razão a esta actuação por parte da Habita (Associação pelo Direito à Habitação e à Cidade) que foram verificadas durante uma altura de crise em que a nossa sociedade insistiu quase impávida a uma inversão de valores por parte dos estados que tornaram os resgates aos bancos mais cruciais do que a garantia de uma dada protecção dos interesses sociais dos cidadãos (enquanto a Islândia foi praticamente a única excepção nesta actuação). Como solução para uma crise financeira alimentou-se uma crise económica e centenas de milhares de cidadãos perderam as suas fontes de rendimento e consequentemente as suas habitações e, mesmo assim, com a entrega das suas casas aos bancos não deixaram de ter as mesmas dívidas ou, no caso das dívidas às finanças, abateram mais (ou muito mais) do que o valor que deviam ao entregar os seus imóveis. Queixas e reclamações à parte por parte desta extorsão tolerada por governos não surgiram efeitos desejados senão a noção de que há mais habitações vazias do que pessoas ao longo de todo o território – e tudo parece ainda mais grave quando milhares são excluídos do direito à habitação social porque são desempregados recentes e muitos ainda dormem nas ruas das nossas cidades sem existir (amplas) iniciativas para contrariar esse problema que não passe unicamente por albergues que as afastam. 

Políticas à parte (mas não vamos ser ingénuos ao ponto de julgar que o problema não é sobretudo político) há algo de errado quando sentimos que vivemos num sistema disfuncional e contemplamos a dolorosa ironia de que se aposta na Reabilitação Urbana para repovoar os centros desertificados das nossas cidades e não há soluções para não excluir milhares de cidadãos do Direito à Habitação apenas por razões económicas que poderia ser garantido com este esforço que está antes a alimentar o erro de que deve ser tomado apenas em vista o lucro (maioritariamente privado!) – e através deste a rude ganância que gera toda uma especulação imobiliária que faz aumentar preços e garante, sem sombra de dúvidas, um amplo parque habitacional vazio. Como se explica, por exemplo, que governos tenham resgatado e auxiliado bancos privados que possuem milhares de residências vazias e não lhes tenham exigido garantias em troca ou a penhora dessas mesmas residências para assim contrariar as perdas de inúmeros cidadãos que até então cumpriram os seus compromissos e subitamente se vêem sem as fontes de rendimento que até então tomaram como garantido e são friamente despojados?

À partida deparamo-nos com uma equação que deveria ser fácil de realizar, mas o assunto antes se torna complexo porque ATÉ AGORA nunca (ou quase nunca) existiram projectos de reconciliação da Reabilitação Urbana ou de Reocupação de Imóveis Vazios que o Estado deveria penhorar a quem simplesmente as arrecadou atropelando direitos básicos dos cidadãos para dar uma segunda oportunidade às verdadeiras vítimas da crise (falamos das pessoas e não dos bancos, ao contrário do que muitos ainda pensam), mas podemos assumir que o assunto abrange uma série de medidas que só poderiam ser tomadas após uma discussão mais alargada deste problema que tem sido debatido desde há muito por filósofos, sociólogos, antropólogos, economistas e activistas mas para o qual não há efectivamente uma grande vontade para resolver por parte das autoridades responsáveis ou uma resposta fácil ou resumida (mas desde quando qualquer decisão importante na vida deve ser tomada mediante respostas fáceis? Se as desejamos e as levamos a cabo sem a devida experiência cometemos erros; mas se nas respostas mais simples encontrarmos realmente a solução adequada somos filósofos!).

Sem nos estendermos e pôr de parte, por agora, a apresentação de uma dada série de estudos levados a cabo por quem se interessa pelos problemas da Habitação, ou melhor, do Direito à Habitação, para contrariar o esvaziamento dos centros das cidades históricas como o Porto que geram abandonos, degradações e todo aquele processo que resumimos num etc, etc, etc até alguém reclamar que casas ou prédios históricos devolutos e a desertificação são uma vergonha, descrevemos o conjunto de intenções da Habita:

1)      Não haver despejos sem que se assegure um tecto digno;

2)      Que a primeira habitação própria e permanente não possa ser penhorada;

3)      Aumentar urgentemente, e em número suficiente, a oferta pública de habitação com rendas adequadas ao rendimento das pessoas;

4)      Implementar uma efectiva regulação do mercado de habitação, combatendo a especulação imobiliária;

5)      Valorizar a Reabilitação Urbana na sua diversidade, garantindo a manutenção da função residencial e a protecção social;

6)      Desenvolver um plano urgente para pessoas sem casa;

7)      Democratizar verdadeiramente a vida nas cidades para que todos os seus habitantes tenham direito ao seu usufruto, acesso transparente à informação e direito à participação efectiva na regulação e tomadas de decisão sobre todas as dimensões urbanas fundamentais para a sua vida, entre estas a habitação, o espaço público, os equipamentos e os transportes.


Um valioso conjunto de intenções, ou exigências, bastante simples mas que realmente não terão (pelos mais diversos motivos) respostas fáceis – o que não impede de as subescrevermos. 

Fonte:

http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/sociedade/detalhe/associacao_habita_apela_a_suspensao_dos_despejos.html

21/01/2016

A Casa Manoel de Oliveira Já Não Vai Permanecer Abandonada

Há quem a descreva como «Mamarracho» ou «Elefante Branco», tendo passado por um fenómeno similar ao Edifício (Pouco) Transparente em frente ao Parque da Cidade, junto ao litoral, cujo propósito foi debatido durante anos, apesar da despesa gerada e do estrago paisagístico. Felizmente, anos depois, a Câmara Municipal do Porto terá encontrado uma solução que passava pela sua transformação em galeria comercial, arrendando várias parcelas do seu espaço a bares e lojas, mas o mesmo não se poderá dizer da Casa Manoel de Oliveira, cuja função já estava atribuída mas que nunca terá servido o seu propósito.

A ideia desta casa data de 1998 para reunir o espólio do realizador e a sua construção, da autoria do arquitecto Souto Moura, seria concluída em 2003. Mas a partir dessa data a casa permaneceu abandonada. Era o mais novo monumento abandonado da cidade do Porto (e era certo que muitos outros abandonados poderiam ter sido reabilitados para servir o mesmo propósito, mas cada caso é um caso), e o principal motivo deveu-se essencialmente a nunca ter sido formalizado um acordo adequado com a Câmara para uso da casa e uma conduta imprópria do poder local que sempre pareceu mais própria de quem banaliza a cultura e desvaloriza personalidades ilustres da cidade, o que infelizmente resultou naquilo que mais se temia ao longo dos anos – que a Casa Manoel de Oliveira jamais funcionaria como tal ou que acolheria o espólio do cineasta, que acabou por falecer em Abril de 2015.

Seria de esperar que após uma primeira tentativa da Câmara Municipal do Porto para tentar vender o que uma maioria entendeu ser um elefante branco, que a dita casa permanecesse abandonada por bastante mais tempo. Mas esta semana foi anunciada a boa notícia de que foi comprada por Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, para servir de sede para a sua fundação, reconhecendo o valor patrimonial de um edifício de Souto Moura, a sua localização vantajosa e as potencialidades que apresenta enquanto espaço cultural. 

Fonte:

http://www.dn.pt/artes/interior/marido-de-isabel-dos-santos-compra-casa-de-manoel-de-oliveira-para-sede-de-fundacao-4986286.html

http://visao.sapo.pt/actualidade/cultura/2016-01-19-Marido-de-Isabel-dos-Santos-compra-casa-Manoel-de-Oliveira

20/01/2016

Ideias para Salvar os Centros Comerciais Fantasma (de Braga)

Trata-se de uma iniciativa que a cidade do Porto deveria importar para resgatar os seus próprios centros comerciais fantasma de 1ª geração (como o Stop, Cedofeita e o Brasília, entre outros) para que não se desertifiquem totalmente: A Associação Comercial de Braga avançou com o projecto "Activar Braga" para lançar a cabo um estudo sério multidisciplinar para perceber o potencial dos antigos shoppings das décadas de 70/80 (e até de 90) e recuperá-los, já que muitos se encontram abandonados e parcialmente devolutos.

A nova estratégia de intervenção só será conhecida após este estudo de diagnóstico, que dependerá de uma candidatura da associação apresentada ao Sistema de Apoio das Acções Colectivas (SIAC) do Programa Portugal 2020. Não é a primeira vez que Associação Comercial de Braga manifesta o seu interesse em desenvolver novas ideias para revitalizar estes espaços, pois em 2011 já apresentava à Câmara Municipal de Braga um plano que passava por centros de incubação de empresas, mas que não se chegou a concretizar.

É certo que pelo seu lado, o poder local já terá recebido projectos interessantes para requalificar alguns destes antigos centros comerciais através do recente Concurso de Ideias para a Regeneração Urbana da Avenida da Liberdade que passarão a atribuição de novas funções destes espaços através da sua reabilitação. Enquanto isso, ansiamos para que no Porto se verifique uma iniciativa similar e não se deixe morrer o que futuramente se pode traduzir no reaproveitamento de espaços sobreviventes que, em relação ao seu destino como eternas galerias comerciais, representam ainda uma incógnita.

18/01/2016

A saída do LAHB Social da Ilha da Bela Vista



Tinha tudo para funcionar bem e acabou por não funcionar. É a isto o que se resume a existência de um Laboratório de Habitação Básica e Social para acompanhar a Reabilitação da Ilha da Bela Vista, o que nos deixa apreensivos.

Há muito que estamos familiarizados e destacamos o notável papel do antropólogo Fernando Matos Rodrigues, um dos maiores especialistas sobre os antigos bairros operários e ilhas (embora semelhantes, não devem ser confundidos) instalados durante o século XIX na cidade do Porto. Poucos se deram a um estudo tão extensivos deste género de habitações e comunidades únicas que estiveram em vias de desaparecer ou que lamentavelmente se degradaram até obterem a actual imagem que temos destes locais – pobres, devolutos, sem as mínimas condições para habitação. No entanto, através do trabalho desenvolvido por Fernando Matos Rodrigues, fomos levados a considerar estes velhos bairros populares e os seus moradores como parte do rico Património do Porto, um património que convinha ser preservado e sobretudo reabilitado para garantir o máximo de qualidade e dignidade para os residentes ainda fiéis às antigas moradas dos seus pais e das suas distintas comunidades (que em muitos aspectos, devido à proximidade entre os vizinhos, ainda são bem mais solidárias do que muitas espalhadas pelos bairros sociais do Porto desenvolvidos durante o Estado Novo e cujo modelo de habitação, infelizmente, ainda não foi inteiramente ultrapassado).

Como fundador do LABH Social – Laboratório de Habitação Básica e Social e no seu acompanhamento no processo experimental de recuperação da Ilha da Bela Vista, equacionando projectos de alunos da Escola Superior do Porto (ESAP), estamos perfeitamente conscientes que Fernando Matos Rodrigues deu um passo importante no sentido de replicar um modelo de reabilitação que futuramente (esperamos) seja aplicado na requalificação das restantes ilhas do Porto. Esse é um aspecto que teremos de frisar dado todo este interesse em menosprezar algo tão importante quanto um LABH Social e o papel de outras disciplinas na área da Reabilitação Urbana. É por isso que lamentamos este afastamento, tão mal-esclarecido, de um verdadeiro profissional e de um valioso meio que ainda podem representar um papel de maior destaque no futuro da requalificação e repovoação do centro da cidade e no debate em torno de um novo paradigma (ainda ausente, mas em meados de ser desenvolvido) para a Habitação Social nos Centros Históricos. 

Fonte:

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