Este antigo hotel
localiza-se no gaveto de uma importante avenida por onde passam imensos
turistas em direcção ao Museu Soares dos Reis e aos jardins do Palácio de
Cristal, foi palco de um dos mais caricatos episódios históricos da nossa
cidade, veio posteriormente a servir de sede a diferentes instituições de
destaque ao longo de todo o século XX, e no entanto está degradado e grande
parte do edifício permanece sem utilidade há vários anos.
Construído em 1863, a
arquitectura do edifício acusa um eclecticismo muito próprio da época, que vai
procurar a sua inspiração no neo-almadino
em conjugação com as características de alguns prédios da época, incorporando
varandas com elegantes gradeamentos em ferro no segundo piso (actualmente
enferrujados e em risco de se perderem). É portanto um edifício muito sóbrio.
Pertenceu a Gaspar Joaquim Borges de Castro, sogro do segundo conde de S. João
da Pesqueira, que ali residiu e mais tarde veio encomendar diversas ampliações
– principalmente em 1875, tendo coberto o seu terraço. Já nessa altura era um
hotel de luxo, gerido por Maria Huguette de Melo Lemos e Alves (sua amante?), que
fez dele o luxuoso Hotel do Louvre. É bem conhecida a hospedagem do imperador
D. Pedro II do Brasil em 1872, que se recusou a pagar a estadia. Maria Huguette
de Melo levou o caso a tribunal e chegou mesmo a viajar ao Brasil para exigir o
pagamento, que foi na realidade efectuado por amigos do imperador.
Mais tarde, em 1885,
foi inaugurada neste edifício a Casa de Saúde do Dr. António Bernardino de
Almeida (uma das primeiras clínicas particulares da cidade do Porto). Mais
tarde ainda esteve aqui também sediados o Orfeão Lusitano entre 1927 e 1930, o
Sport Comércio e Salgueiros nos anos 30, o Cineclube do Porto fundado em 1945 e
o Movimento Unidade Democrática (MUD) entre 1947 e 1948, até à sua expulsão
pela PIDE. No final do século XX veio a ser ocupado pela Escola de Condução “A
Desportiva”, que ali permaneceu até meados do início do século XXI, na altura
da construção do Túnel de Ceuta. As marcas das letras e os seus autocolantes
nas janelas ainda permanecem, apesar da entrada principal, de acesso ao piso
superior, estar entaipada.
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