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24/02/2016

Limpa-me a Fachada!



O que têm em comum distintos monumentos como a Igreja do Convento de S. Francisco (séc. XIV), o Hospital de Santo António (séc. XVIII), a Igreja da Trindade (séc. XIX) e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (séc. XIX)? À partida pouco ou nada, à excepção que alguns dos edifícios referidos são assinalados por uma arquitectura de influência neoclássica e que todos são erguidos em granito. E é precisamente sobre o estado do granito que tencionamos analisar.

Todos estes monumentos assinaláveis do Centro Histórico do Porto têm as suas fachadas em granito e representam claros problemas relacionados com filmes negros (e não só) que lhe dão uma aparência suja, castanha ou verdadeiramente negra – em última análise sombria. Parece que só falta alguém gritar «LIMPA-ME A FACHADA» ou pelo menos escrevê-lo nas paredes do mesmo que muitas vezes se fez o mesmo nos vidros dos carros cujos ou completamente cobertos de poeiras («Limpa-me, Porco»). E é evidente que não são os únicos que apresentam os mesmos casos, que podem ser reconhecidos em vários prédios antigos e até na já na antiga Alfândega; nem nos podemos esquecer que o próprio edifício dos Paços do Concelho também teve a mesma aparência durante muitos anos (vários cidadãos até ficaram surpreendidos por descobrir que a tonalidade do granito do edifício da Câmara era cinzento e não dourado/acastanhado).



Estamos então aqui diante de um problema de poluição que contamina o granito que é o material de eleição da própria cidade. Mas é também um problema de conservação ou da ausência de alguma vontade de zelo por parte das autoridades responsáveis pelo nosso património (relembrando que não estamos propriamente a apontar o dedo à Câmara Municipal, pois tratam-se de monumentos em pertença do Estado ou da Igreja Católica, que por qualquer motivo mal-esclarecido nem sequer paga IMI). São edifícios que não estão vazios nem devolutos mas que ainda assim dão uma péssima imagem à cidade. Terão de ser intervencionados mais cedo ou mais tarde (esperemos que não seja demasiado tarde) e realmente o município deveria pronunciar-se em relação a esta sujidade, que causa maiores problemas na pedra do que à partida estão à vista – no caso do Hospital de Santo António e na Igreja do Convento de S. Francisco a acidez dos filmes negros está por detrás de outros, nomeadamente no desgaste da pedra e na presença de fissuras ou infiltrações que podem incorrer em maiores danos.



É evidente que há mais de duzentos anos atrás estes problemas não eram identificados na cidade e que até mesmo composta por muitas vielas de ruas estreitas onde o Sol quase não penetrava o granito de das fachadas tinha melhor tonalidade. Não nos é difícil imaginar a Igreja do Convento de S. Francisco e o Hospital de Santo António com as suas fachadas compostas por pedra de tonalidades mais claras ou cobertas de líquenes (é que ao contrário do que muitos julgam, a presença de líquenes é uma boa indicadora da qualidade do ar). Felizmente não faltam meios para limpar o granito e devolver maior sobriedade a todos estes monumentos, mas face à inércia de quem deveria ser responsável por denunciar esta situação ou para intervir, parece que esta aparência sombria é para continuar… E o Porto não pode continuar assim.

30/01/2016

“Mapping our Tiles” – A Georreferenciação de Azulejos


É de longe um dos projectos mais interessantes que tivemos o prazer em acompanhar e promover. “Mapping our Tiles” é uma iniciativa de três engenheiras motivada pela valorização «e partilha da beleza dos azulejos das casas do Porto e de Portugal», caracterizando-se pela georreferenciação dos mesmos que liga diversos padrões às localizações físicas onde existem.

O site da iniciativa foi lançado em Novembro de 2015 e trata-se, evidentemente, de um projecto a longo prazo. A ideia conta com a colaboração de todos, tendo como ponto de partida que cada cidadão fotografe um determinado padrão de azulejos e tome nota da sua localização. Poderá enviar esse registo por email (mappingourtiles@bonjardim.pt) ou através da rede social Instagram (#mappingourtiles); posteriormente será feita a sua validação e a sua inscrição no mapa de Portugal que existe na internet.

É evidente que adoramos a iniciativa, uma vez que se tratar da valorização de um património que merece ser substancialmente promovido, pelo que
convidamos o maior número de cidadãos do Porto a colaborar. Fique a saber mais em:



Fonte:




28/01/2016

Aldrabas do Século XIX

Alguns dos elementos mais característicos das típicas casas burguesas do Porto são as suas aldrabas de ferro, sendo as mais notáveis datadas da segunda metade do século XIX mas também do início do século XX. O Banco de Materiais da Câmara Municipal do Porto tem algumas – talvez demasiado poucas – em sua posse e, enquanto não se valoriza mais ou existe uma norma de protecção sobre este elemento, prevê-se que os melhores exemplos que já identificamos venham a desaparecer.

Uma das aldrabas mais conhecidas e até generalizadas são em forma de mão, que já foi designada erradamente de “Mão de Fátima”, pois tudo indica que sejam de influência francesa e provenientes do Romantismo, se bem que careçam de um estudo mais profundo para equiparar a outros exemplares espalhados pela Europa (e não só).
Por outro lado, temos as aldrabas em forma de rosto e, embora sejam mais raras e as que restam estejam em risco de se perderem, em relação às mesmas já temos menos dúvidas quanto à sua proveniência. São certamente influenciadas pelo Romantismo e apresentam detalhes revivalistas, tanto mais que várias, compostas de folhagens, são de inspiração gótica e em tudo se assemelham aos “Green-man” ou Máscaras de Folhagem que surgem em capitéis, frisos e mísulas das catedrais e igrejas medievais e até manuelinas (tardo-góticas). Uma vez que identificamos escassos exemplos de rostos com klaft (espécie de turbante ou toucado) egípcio, comprovam a teoria de que sejam mesmo inspirados pelo revivalismo próprio do período romântico.

Contudo, a maioria dos exemplares que encontramos, principalmente das peças de maior elaboração, encontram-se oxidados e a necessitar de um urgente restauro – o que prevemos que, infelizmente, não venha a acontecer. 

26/01/2016

Fontanário de Ferro Fundido

Entre os elementos mais exclusivos da cidade do Porto encontram-se as velhas luminárias de ferro fundido da segunda metade do século XIX. Muitos ainda se encontram em diversos locais espalhados pela cidade e pela própria área metropolitana, nas urbanizações mais antigas. E não foram poucos os que já sofreram diversos restauros. Na zona da Foz do Douro, principalmente na Foz Velha e em várias ruas de Nevogilde é possivel identificar-se uns quantos, que dão um ambiente muito particular a uma área que inspira a determinados passeios pedrestes. 

É óbvio que estas luminárias já não funcionam a gás, e, conforme as diferentes alterações que foram sofrendo ao longo das décadas, também incorporaram vários tipos de lâmpadas, reconhecendo-se na actualidade o interesse em dotar estas luminárias com mais de um século de existência de lâmpadas novas, brancas, de "baixo consumo" - as robustas lâmpadas Tempore© de sódio de alta pressão, da Schreder®.

Mas entre estes elementos característicos, e bem mais exclusivos, também se destacam os velhos fontanários de ferro fundido da Foz com os quais se confundem devido à sua semelhança com os postes de iluminação mais altos e por terem sido forjados nas mesmas fábricas. Deixaram de ter a mesma função que teriam há décadas atrás, pois. Ainda assim, mantém-se alguns nos mesmos locais e apresentam fortes sinais de corrosão devido ao seu abandono. Os exemplares que localizamos são velhas relíquias da Fábrica de Fradelos e, no mínimo, deveriam ser protegidos ou mais estimados. Na verdade, se a ideia é que continuem desactivados, talvez o melhor mesmo fosse guardá-los no Banco de Materiais da Câmara Municipal do Porto, pois para todo o efeito são exemplares históricos interessantes de uma época superinteressante em termos de desenvolvimento industrial para a cidade.

É que através da degradação contínua e falta de estima por estes elementos somos levados a formular uma séria questão: Se um munícipio que tem como um dos principais objectivos zelar pelo seu património, como é que ignorando tantos detalhes pode ser responsável pela recuperação de maiores elementos? 

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