22/02/2016

A Doação de Árvores – Medida tão Positiva quanto Urgente

O Projecto das 100 000 Árvores na Área Metropolitana do Porto é por si só um programa benéfico que peca apenas por tardia face às últimas décadas de negligência e má administração do território que se viu ocupado por áreas florestais desprotegidas, construções desordenadas, urbanismo grosseiro e ocupação por zonas verdes de espécies não autóctones, como o eucalipto.

A recente iniciativa doação de árvores pela Câmara Municipal do Porto e pela FUTURO de doação de árvores é ainda mais positiva e prende-se com boas razões, já que não incentiva só os cidadãos a cultivar árvores e arbustos nos seus espaços privados, mas também a recuperar parte da mancha verde perdida na cidade durante os últimos anos. Quem já viu fotos do ar da cidade, inclusive de boa parte do seu centro histórico, reconhece uma imensidão de jardins e pátios privados que na sua maioria, no início do século XX, estavam cobertos de vegetação e contribuíam para melhorar a qualidade ambiental do Porto. Muitos desses espaços foram entretanto abandonados ou perderam as suas árvores e arbustos – mas replantados podem fazer a diferença.

O Porto realmente precisa de aumentar a sua mancha verde e manter-se em linha com as iniciativas de muitas cidades europeias que estão na vanguarda de implantação de medidas de maior protecção ambiental. Contudo, ainda há muito a fazer nesse sentido e reconhece-se que ainda há um atraso, que é comum a todo o território português. Se há capital para doação de árvores e arbustos autóctones, então não pode haver desculpas para que não se cultivem mais árvores em espaços públicos (lembremo-nos de locais como a Praça dos Poveiros, a Praça da Cordoaria ou ainda a Avenida D. Afonso Henriques, entre outros exemplos).

Esta ausência de mancha verde prende-se com outras ausências, nomeadamente a parca existência de coberturas verdes em muitos edifícios adequados para essa instalação (como alguns parques de estacionamento e prédios mais recentes), o desconhecimento das potencialidades da implantação de jardins verticais que podem servir melhores propósitos que não apenas os estéticos ou do desprezo pelo projecto de uma circular verde que una os parques e algumas praças arborizadas da cidade assinalada pela presença de mais vegetação e de ciclovias preparadas para o efeito.

Os problemas na adopção e da implantação de medidas mais criativas e funcionais do uso de vegetação que realmente podem fazer a diferença na cidade ainda existem e pelos vistos ainda irão permanecer, mas não vamos negar o óbvio: esta recente iniciativa do Projecto das 100 000 Árvores na Área Metropolitana do Porto é assinalável e amplamente positiva.

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