O Projecto das 100 000
Árvores na Área Metropolitana do Porto é por si só um programa benéfico que
peca apenas por tardia face às últimas décadas de negligência e má
administração do território que se viu ocupado por áreas florestais
desprotegidas, construções desordenadas, urbanismo grosseiro e ocupação por
zonas verdes de espécies não autóctones, como o eucalipto.
A recente iniciativa
doação de árvores pela Câmara Municipal do Porto e pela FUTURO de doação de
árvores é ainda mais positiva e prende-se com boas razões, já que não incentiva
só os cidadãos a cultivar árvores e arbustos nos seus espaços privados, mas
também a recuperar parte da mancha verde perdida na cidade durante os últimos
anos. Quem já viu fotos do ar da cidade, inclusive de boa parte do seu centro
histórico, reconhece uma imensidão de jardins e pátios privados que na sua
maioria, no início do século XX, estavam cobertos de vegetação e contribuíam
para melhorar a qualidade ambiental do Porto. Muitos desses espaços foram
entretanto abandonados ou perderam as suas árvores e arbustos – mas replantados
podem fazer a diferença.
O Porto realmente
precisa de aumentar a sua mancha verde e manter-se em linha com as iniciativas
de muitas cidades europeias que estão na vanguarda de implantação de medidas de
maior protecção ambiental. Contudo, ainda há muito a fazer nesse sentido e
reconhece-se que ainda há um atraso, que é comum a todo o território português.
Se há capital para doação de árvores e arbustos autóctones, então não pode
haver desculpas para que não se cultivem mais árvores em espaços públicos
(lembremo-nos de locais como a Praça dos Poveiros, a Praça da Cordoaria ou
ainda a Avenida D. Afonso Henriques, entre outros exemplos).
Esta ausência de mancha
verde prende-se com outras ausências, nomeadamente a parca existência de
coberturas verdes em muitos edifícios adequados para essa instalação (como alguns
parques de estacionamento e prédios mais recentes), o desconhecimento das
potencialidades da implantação de jardins verticais que podem servir melhores
propósitos que não apenas os estéticos ou do desprezo pelo projecto de uma
circular verde que una os parques e algumas praças arborizadas da cidade
assinalada pela presença de mais vegetação e de ciclovias preparadas para o
efeito.
Os problemas na adopção
e da implantação de medidas mais criativas e funcionais do uso de vegetação que
realmente podem fazer a diferença na cidade ainda existem e pelos vistos ainda
irão permanecer, mas não vamos negar o óbvio: esta recente iniciativa do
Projecto das 100 000 Árvores na Área Metropolitana do Porto é assinalável e
amplamente positiva.
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