16/02/2016

Edifício de Habitação Nºs 1182 – 1228 na Rua de Santa Catarina



O Edifício de Habitação composto por vários números que dão uma ideia de serem separados só são reconhecidos como parte de um conjunto devido a algumas semelhanças entre si e a sua ligação com a parcela que é rematada por um frontão triangular de influência neoclássica. Por outras palavras, o conjunto segue em si as linhas da arquitectura da Época dos Almadas que podemos encontrar em algumas ruas históricas do centro histórico do Porto, mas na verdade é da segunda metade do século XIX e não do século XVIII. Não é por acaso que alguns investigadores se referem a este tipo de edifícios no Porto como «Pós-Almadino» e achamos o tema mais do que adequado.

O proprietário responsável pela sua construção, efectuada a partir de 1868, foi o “brasileiro” José Pereira Loureiro, que a partir de 1870 se torna visconde de Fragosela. Na época em que encomendou o projecto da obra os lotes encontravam-se desocupados e correspondiam a um troço da antiga Rua da Princesa, no tramo final da Rua de Santa Catarina. O projecto foi entregue ao engenheiro Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa e foi acompanhado pelo arquitecto Pedro de Oliveira e pelo mestre-de-obras públicas José Luís Nogueira, que deram ao edifício uma aparência de palácio urbano – similar a outros projectos do mesmo engenheiro, fiel às linhas da arquitectura neoclássica.

O monumental edifício acabou por sofrer várias alterações nas águas furtadas a partir de 1878, destacando-se os vários acréscimos ao mesmo nível do frontão triangular central (sendo o último de 1922). Mas as adulterações piores vieram com a introdução de azulejos diversificados e em desarmonia, com uma primeira garagem em 1923 e sobretudo com a demolição de duas das suas parcelas a norte durante a segunda metade do século XX, substituídas por um prédio que o descaracterizou gravemente. Não bastava estar apenas desfigurado e quase esquecido – é um pedaço de património valioso que faz parte da História, mesmo que muitos não o saibam – também tinha de acabar parcialmente devoluto e abandonado, infelizmente.

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