O Edifício de Habitação
composto por vários números que dão uma ideia de serem separados só são
reconhecidos como parte de um conjunto devido a algumas semelhanças entre si e
a sua ligação com a parcela que é rematada por um frontão triangular de influência
neoclássica. Por outras palavras, o conjunto segue em si as linhas da
arquitectura da Época dos Almadas que podemos encontrar em algumas ruas
históricas do centro histórico do Porto, mas na verdade é da segunda metade do
século XIX e não do século XVIII. Não é por acaso que alguns investigadores se
referem a este tipo de edifícios no Porto como «Pós-Almadino» e achamos o tema mais do que adequado.
O proprietário
responsável pela sua construção, efectuada a partir de 1868, foi o “brasileiro” José Pereira Loureiro, que
a partir de 1870 se torna visconde de Fragosela. Na época em que encomendou o
projecto da obra os lotes encontravam-se desocupados e correspondiam a um troço
da antiga Rua da Princesa, no tramo final da Rua de Santa Catarina. O projecto
foi entregue ao engenheiro Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa e foi acompanhado pelo
arquitecto Pedro de Oliveira e pelo mestre-de-obras públicas José Luís
Nogueira, que deram ao edifício uma aparência de palácio urbano – similar a
outros projectos do mesmo engenheiro, fiel às linhas da arquitectura
neoclássica.
O monumental edifício
acabou por sofrer várias alterações nas águas furtadas a partir de 1878,
destacando-se os vários acréscimos ao mesmo nível do frontão triangular central
(sendo o último de 1922). Mas as adulterações piores vieram com a introdução de
azulejos diversificados e em desarmonia, com uma primeira garagem em 1923 e
sobretudo com a demolição de duas das suas parcelas a norte durante a segunda
metade do século XX, substituídas por um prédio que o descaracterizou
gravemente. Não bastava estar apenas desfigurado e quase esquecido – é um
pedaço de património valioso que faz parte da História, mesmo que muitos não o
saibam – também tinha de acabar parcialmente devoluto e abandonado,
infelizmente.
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