A aparência desoladora
deste conjunto edificado não esconde os anos de abandono e de vandalismo que
tem sofrido sem que ninguém se preze e protegê-lo ou reabilitá-lo. O
proprietário que ergueu estes prédios na segunda metade do século XIX,
possivelmente esperando que a Rua do Barão de Nova Sintra se urbanizasse mais
com o passar dos tempos, certamente não havia imaginado que passados cem anos
se encontrassem neste estado.
Os prédios foram
erguidos entre 1879 e 1880 por vontade do negociante João Leite de Faria,
proprietário deste terreno, que os mandou erguer tendo em vista o seu
arrendamento. João Leite Faria era igualmente proprietário de vários prédios
noutras freguesias do Porto, incluindo do conjunto de prédios na Rua Formosa
que se situam em frente a uma das entradas principais do Mercado do Bolhão (do
313 ao 353), juntamente com outros dois sócios.
Ao contemplarmos a fachada do conjunto virada para a Rua do Barão de Nova
Sintra, especulamos se outrora não esteve completamente coberta de azulejos,
tal como ainda se encontra o prédio do meio, embora parte já tenha sofrido
sérios danos.
É uma pena que assim se
encontrem, pois o seu estado remete-nos para outros exemplos de conjuntos de
prédios edificados no Bonfim e até mesmo noutras freguesias que estão abandonados
e que poderiam ser intervencionados o quanto antes por um município interessado
em promover novos paradigmas de habitação social, começando por não construir
novos prédios nas periferias, mas antes em aproveitar uns quantos mais próximos
do centro da cidade para integrar parte da população autêntica de uma cidade
cujo centro alterna entre a desertificação e os interesses imobiliários
privados de quem pouco ou nada se interessa em zelar pela permanência dos
habitantes originais do Porto.
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