Estudar o património
esquecido, desprezado ou simplesmente abandonado do Porto não é só revelar
parte de uma história ainda a descobrir ou a ser valorizada; é simplesmente
depararmos com a triste realidade de que não houve nenhum grande arquitecto ou
artista na cidade que não tenha tido pelo menos uma obra sua votada ao abandono
(veja-se o caso do Palácio de Freixo de Nicolau Nasoni antes de ser reabilitado
no início do séc. XXI ou da Casa Manoel de Oliveira projectada por Souto
Moura). E se isso é realidade para todos, não poderia ser diferente para uma
das obras do arquitecto Rogério de Azevedo (1898 – 1983): a Creche d’O Comércio
do Porto na Avenida Fernão de Magalhães.
Foi no ano de 1930 que
o presidente da associação apresenta o projecto de construção desta creche com
a intenção de receber até 430 crianças num pequeno terreno cedido pela Câmara
Municipal do Porto. Inicialmente Rogério de Azevedo pretendia no seu projecto
incluir um espaço maior de jardim para as crianças, mas lamentavelmente tal não
se veio a concretizar, pois o espaço exterior teve de ser encurtado. No
entanto, o edifício mantém uma configuração original, marcado pelas linhas Art
Deco a nível de vários remates, nas janelas e amplos janelões e ainda nos
sugestivos painéis com relevos com temas florais ou de carácter infantil.
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