Apesar do que pode ser
identificado como um conjunto de ruínas encontra-se à venda há alguns anos como qualquer imóvel. Do
que foi uma casa habitada durante boa parte do século XX é actualmente uma edificação parcial que
envolverá obras profundas de reconstrução, paciência e muita boa vontade por um
proprietário disposto a investir num imóvel com claro valor patrimonial na Rua
de Miragaia para lhe restituir a sua aparência e utilidade originais.
Não sabemos quem foi o
arquitecto responsável por erguer esta casa ou quem foram os proprietários que
lhe deram a sua configuração actual. Pode ter sido reerguida ou remodelada no
lugar de alguma habitação ainda mais antiga do período medieval ou
renascentista. Mas até ao momento também são desconhecidas as pesquisas
arqueológicas na área que nos elucidem mais sobre as suas fundações. Até é
possível que sob estas ruínas também se encontrem vestígios de uma villa ou até de uma fábrica de produção
de garum do período romano – quem sabe?
Séculos de vestígios de diferentes épocas podem estar soterrados sob camada sob
camada desta casa secular.
Curiosidades e
especulações à parte, o que mais se torna distinta nesta casa é a sua fachada ornamentada
com elementos barrocos que datam muito possivelmente do século XVII (se não
serão já do século XVIII). Os frontões triangulares interrompidos sobre os três
pórticos do piso do rés-do-chão, desgastados, são indicadores desse período.
Uma vez que não encontramos nenhum brasão nesta casa, mas reconhecemos em
vários detalhes uma certa erudição por parte do arquitecto que nela trabalhou
(as molduras das janelas relembram-nos os tratados de arquitectura de Andrea
Pozzo) e, face à área que ocupa, suspeitamos que tenha pertencido originalmente
a uma rica família burguesa de Miragaia.
É certo que esta casa
agora em ruínas passou de mãos por várias vezes e as intervenções de períodos
posteriores são visíveis (como os gradeamentos simples das varandas e não só).
Mas a sua fachada ainda resiste e confere-lhe uma dada notabilidade.
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