29/04/2016

As Ruínas do Complexo Mineiro de S. Pedro da Cova



S. Pedro da Cova é, tal como muitos outras freguesias e territórios da Área Metropolitana do Porto, um completo diamante em bruto no qual ainda há muito a trabalhar para que futuramente se torne muito mais atractivo. Com uma actividade industrial visível, a cultura local é indissociável das velhas minas de antracite (carvão) que funcionaram desde os finais do século XVIII até aos anos 70 do século XX e das serras verdes que as separam de Valongo; tirando proveito destas duas características importantes, já se deram os primeiros passos para uma valorização substancial da freguesia com a criação do Museu Mineiro e o começo da constituição de um importante parque natural que, sendo bem gerido e devidamente reflorestado com espécies autóctones (não com a manutenção da praga de eucaliptos) prometerá causar um impacto ambiental muito positivo para o território, sem esquecer o potencial dos campos e das áreas de cultivo locais, já que S. Pedro da Cova ainda está marcado por uma ampla ruralidade.

No entanto, no muito que ainda há por fazer, admira que não sejam previstas tomadas de melhores atitudes em relação às ruínas e o conjunto de edifícios devolutos que ainda permanecem num território onde outrora laboraram activamente milhares de homens (e mulheres!) em condições extremamente duras. O desolado complexo, parcialmente ocupado por mato, está nos dias, de hoje tão silencioso quanto perigoso – quem se aventura pelo local corre sérios riscos, seja por causa do terreno incerto, seja por causa das estruturas e restos de edifícios que podem desabar a qualquer momento (nem sequer existe uma vedação ou avisos de PERIGO, impedindo crianças ou os mais incautos de ali se aproximarem).


Entre as ruínas, o que mais salta à vista é o Cavalete do Poço de S. Vicente (por onde descia um elevador de acesso às minas), uma estrutura de betão armado em forma de torre dos anos 30 do século XX. A curta distância encontra-se o que resta do antigo edifício da Lavaria (onde se procedia à lavagem do carvão), que de tão devastado que está corre a qualquer momento o risco de cair. Bem próximos localizavam-se também a Casa das Máquinas e outros edifícios de apoio, que serviam para armazenagem de vários bens, incluindo ferramentas e as famosas “zorras” que serviam para transporte de matéria-prima. O complexo incluía ainda uma cooperativa, a casa da direcção, farmácia, escola, capela, balneários, casas de lavoura e residência para trabalhadores. Outrora existia o Cabo Eléctrico que fazia a ligação por via aérea entre as minas e os depósitos na cidade do Porto, que foi desmantelado nos anos 70, após o encerramento do local, que permanece abandonado desde então.




Os antigos mineiros e grande maioria de outros colaboradores que trabalharam diariamente no complexo não são boas devido às condições desumanas a que estiveram sujeitas, mas a ideia de que todo este património permaneça abandonado, por piores que sejam as suas memórias, também lhes causa um amplo desagrado, apesar da existência do Museu Mineiro que ocupou a antiga Casa da Malta, a residência para trabalhadores oriundos de outras zonas do país. Para bem e para mal, as minas fazem parte da sua história… e da história do seu território.

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