Embora uma alteração
estrutural ou a adição de um novo tabuleiro para a emblemática Ponte Maria Pia por
norma nos cause apreensão, também há que assumir que por vezes para melhor
tirar partido de um monumento histórico há que saber “sair fora da caixa” e
aceitar que há intervenções modernas bem pensadas em estruturas antigas que só
as melhoram e as revalorizam – e foi exactamente o que pretenderam os mentores
do PROJECTO RIM: o arquitecto e aluno de engenharia civil Miguel Lopes de Sousa
em parceria com o colega arquitecto Rui Israel, que desejaram assim projectar
uma nova via pedonal e uma ciclovia para unir as marginais do Porto e Gaia
segundo um critério minimalista, vencendo o prémio do concurso de ideias do
ISEP «Desafio 2016».
A ideia não nos desagrada,
uma vez que o seu impacto seria reduzido e os critérios para a sua construção
seriam claramente funcionalistas, além de tirar partido de um monumento
classificado que merece ser reaproveitado (e bem mais estimado, diga-se). Mas
em última estância deveriam ser os cidadãos do Porto a dar uma opinião final e
a votar este projecto para assim reanimar a ponte que se encontra sem utilidade
há demasiados anos.
Ao imaginarmos um novo
tabuleiro parece óbvio questionarmos se esta adição não alterará profundamente
o design único da ponte e o que poderia implicar em termos de paisagem. Em
primeiro lugar isso acontece porque as imagens disponibilizadas (ainda) não nos
fornecem dados suficientes para calcular o seu impacto no conjunto; mas tendo
em conta a incoerência e o impacto do betão na paisagem da vizinha Ponte de S.
João, um novo tabuleiro na emblemática ponte parece ser o menos – mais do que
uma questão de estética, que poderia ser resolvida de vários modos, ainda para
mais se prevendo minimalista, apenas declinaríamos a madeira como material de
eleição porque alternativas igualmente neutras
(discretas) e de melhor manutenção ou com maior resistência ao desgaste hoje em
dia não faltam (placas compósitas de madeira com PVC são um mero exemplo).
Mas o mais importante
desta iniciativa, além de comprovar o interesse pelo ISEP, Mota Engil e pelas Câmaras
do Porto e de Gaia que a apoiaram e deram valor às ideias das mentes que por
norma o nosso país desperdiça ou convida a emigrar, é realmente a adaptação da
Ponte Maria Pia a um propósito de eficiência energética: neste caso englobaria
a colocação de painéis solares no tabuleiro superior da ponte para produção de
energia para iluminação própria – é apenas uma amostra (muita positiva,
evidentemente) do potencial que esta ponte nos oferece em termos de captação de
energias renováveis, algo que TODAS as outras pontes que atravessam o rio Douro
deveriam conter, se existisse vontade para tal...
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