27/04/2016

Casa de António Nobre e Prédio Art Nouveau



Entre os exemplos típicos de casas ou de prédios lado-a-lado degradados da cidade do Porto temos estes dois notáveis imóveis na Foz (Nºs 531 e 523, respectivamente), na Avenida Brasil, que se distinguem por dois motivos distintos: um é a casa onde residiu e veio a falecer o poeta António Nobre e o outro é um prédio elegante com uma morfologia e elementos Arte Nova (atendendo que a arquitectura Art Nouveau no nosso território é rara e muito presa a características tradicionais, este prédio revela ser bem interessante).

A casa onde veio a falecer António Nobre (1867 – 1900) permite esclarecer um detalhe no que toca ao património edificado, que é o facto de que uma casa que não revele características únicas ou dada relevância em termos de tendências da arquitectura, não deixa de ser valiosa devido à sua importância cultural e histórica. Curiosamente, a par de algumas outras casas onde vieram a residir escritores do Porto, nunca foi classificada e a Câmara Municipal não demonstra o menor interesse ou a intenção de fazê-lo – ou seja, tem demonstrado abertura para a cultura só para algumas coisas, para outras nem por isso.

Não conseguimos descobrir as origens do Nº531, onde veio a residir o poeta que felizmente ainda é relembrado por muitos, mesmo sabendo sem sombra de dúvida, de que se trata de uma casa da segunda metade do século XIX (mesmo pequena e simples, quantos não a desejariam, no local onde se encontra?). No entanto, obtemos mais informação sobre o prédio Nº523, que foi construído entre 1911 – 1912, após a demolição da casa possivelmente contemporânea da de António Nobre que a antecedeu. De fachada elaborada e de contornos elegantes, com painéis de azulejos de motivos florais dignos de apreciação, teve como proprietário António Rodrigues Cardoso e o seu mestre-de-obras foi o experiente Manuel Ferreira da Silva Janeira, residente na Foz e certamente bem conhecido na área.

O Nº523, tratando-se de uma verdadeira moradia situada num local invejável, virada para o mar, também exibe os sinais de estar desabitada há anos e não tem o gradeamento original da varanda central (que deveria ser sinuoso os restantes), mas continua bem caiada de branco e mantém de tal modo a sua beleza que nos custa acreditar que até ao momento, mesmo sendo o seu preço elevado, que não tenham surgido muitos interessados em adquiri-la.


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