04/04/2016

Há Esperança para o Caminho Português de Santiago?



Esperança há sempre. Mas a esperança alimentada por políticos em Portugal já sabemos o que vale: um conjunto de boas intenções, criação de (falsas) expectativas, discursos para referir o problema através de frases «temos de…» é «necessário fazer…», iniciativas várias que apontam no sentido de que se vai fazer alguma coisa e depois, passados alguns anos, vemos que as coisas pouco evoluem ou ficam praticamente na mesma, quando não obtém os tristes resultados que deixam muito a desejar.

Há que relembrar que os problemas relacionados com o Caminho Português para Santiago são complexos e não apresentam fácil resolução, tal como os problemas relacionados com a eficácia da Reabilitação Urbana nos Centros Históricos (que de alguma forma também está relacionado). E para termos em conta essa complexidade ou as dificuldades de uma total adequação do Caminho Português para Santiago a pedestres e às circunstâncias contemporâneas que passam por roteiros antigos tomamos como exemplo o(s) Caminho(s) para Fátima – com décadas de existência e ainda assim parcos ou inexistentes foram os esforços de sucessivos governos para que as principais vias se tornassem seguras, fossem bem sinalizadas ou desviadas de locais de maior tráfego automóvel (ao contrário do esforço de cidadãos anónimos e associações que procuram fazer a diferença). É de supor se isto já se passa com vias que todos os anos são percorridas por centenas a milhares de peregrinos todos os anos e com os quais se verificam constantemente acidentes ou dificuldades, imagine-se com o Caminho Português de Santiago que o Eixo Atlântico quer candidatar à UNESCO!

De qualquer maneira não vamos transformar uma notícia positiva que demonstra claramente a intenção de várias autarquias do Norte em recuperar e valorizar este Caminho em algo suspeito ou numa falsa promessa. É preciso salientar, isso sim, que tornar este velho roteiro transitável e funcional vai implicar mais do que uma boa sinalização, mas sobretudo a transformação e/ou a adaptação de muitas artérias e vias que se encontram inadequadas ou desprezadas, complementando-as com melhores serviços de informação, MAIOR PROMOÇÃO, e um claro auxílio aos peregrinos – nomeadamente albergues (ou seja, vai implicar variadas estratégias, escolhas, inteira dedicação, obras, intervenções, cooperação com diferentes entidades e projectos faseados que poderão levar bem mais do que uma década a implementar para que se torne inteiramente funcional). E depois há as pequenas questões por esclarecer que deveriam ser salutares:

 »Será que futuramente este Caminho tornar-se-á bem mais seguro e que exija menos esforços e menores exigências por parte daqueles que pretendem percorrê-lo?

 »Será devidamente complementado com novas vias de acesso para fugir a locais de maior tráfego automóvel e riscos de circulação?

 »Áreas urbanas por onde passa o antigo Caminho terão prioridade em termos de Reabilitação, tornando-o mais cativante e convidativo?

 »Terá em conta o meio ambiente e também irá dispor de passagens e vias arborizadas ou minimamente salvaguardas para que os peregrinos sejam poupados aos fumos e gases de tubos de escape automóvel ou à poluição citadina?

 »A reabilitação prevista da Circunvalação e de outras estradas principais na Área Metropolitana do Porto terá em conta passagens preparadas ou adaptadas a este Caminho?

 »Prevê-se que todo o Caminho possa conter uma longa ciclovia, adequando-o também a ciclistas?

 »O Caminho Litoral Português para Santiago terá em conta o Caminho para Fátima, os problemas de segurança que presentemente apresenta e ambos poderão ser fundidos num só?

 »Estas vias que compõem o Caminho serão privilegiadas e para além de uma sinalética própria o seu piso apresentará um padrão facilmente identificável e coerente com as necessidades de caminhantes (mas também de ciclistas) e ainda assim coerentes com os locais e centros históricos pelos quais passam?


De momento, são questões sem resposta.

É óbvio que esta notícia não diz só respeito ao Porto ou à sua área metropolitana, mas tendo em conta os esforços de outros municípios do Norte do país em recuperar acessos e melhorar a sinalética para o velho Caminho Português de Santiago, já era mais que altura do Porto começar a dar também o exemplo – começando pela Sé e o rico Centro Histórico que a envolve.


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