Actualmente,
a Rua de Brás Cubas é uma das artérias que mais passam despercebidas entre as
várias ligações possíveis à Avenida de Fernão de Magalhães e poucos também se
apercebem que Brás Cubas é o nome de um fidalgo português nascido em 1507 que
fez algumas explorações por sua conta no Brasil, tendo mesmo fundado algumas
povoações. Curiosamente, esta rua nem sempre teve o nome deste explorador
português do séc. XVI, tendo sido antes, na sua origem e durante uns anos,
conhecida por Rua Particular à
Avenida Fernão de Magalhães (indicando o seu carácter privado).
Mas
o que mais nos chama a atenção nesta rua estreita é história por detrás de uma
moradia devoluta – aliás, não deixaremos de frisar que por detrás de cada bem
patrimonial esquecido, abandonado, devoluto ou já em fase de ruínas existe
sempre uma história por contar. Pois os imóveis do Porto são assim: sempre
recheados de história. Esta casa que descrevemos corresponde aos números 32 e
36 e o seu projecto data de 1933, tendo sido erguida entre os finais desse ano
e 1934. Não nos parece errado afirmar que está patente uma nítida influência Art Deco – recebeu uma influência
severa, mas nítida a partir do corpo central da fachada e dos frisos superiores
com uma estilização muito própria da época.
O
proprietário que mandou erguer este imóvel chamava-se António de Sousa Ramos e
fê-lo com o objectivo de o dividir em duas habitações para dois diferentes
moradores. Tudo indica que fê-lo com o propósito de arrendar. O seu arquitecto
foi Mário Abreu, um dos arquitectos mais activos do Porto que, em colaboração com
Mário Augusto Ferreira de Abreu, durante os anos 30 e inícios dos anos 40 do
século XX foi responsável por nos ter legado muitas obras privadas digno de
interesse.