Perto
da antiga estrada romana que ligava a cidade do Porto (Cale) a Braga (Bracara
Augusta) situa-se uma propriedade de campo secular que se estende até à
margem do rio Leça, que é atravessado justamente pela velha ponte de pedra
medieval de fundação romana mais conhecida por Ponte da Pedra, que daria o nome
à quinta.
Mesmo
que se presuma que a propriedade de campo possa ser muito mais antiga – tal
como são muitas quintas existentes nos arredores do Porto – o palacete que a
caracteriza data do século XVIII e foi conhecido durante décadas pelos
habitantes de Leça de Balio por Palacete
Oitocentista. É certo que mereceu maior atenção durante o século XIX, pois foi
ampliado e funcionou como residencial durante essa altura e tornou-se o local
predilecto de Camilo Castelo Branco para passar férias no Porto, uma vez que
dispunha de praia fluvial e aprazíveis jardins ideais para o repouso ou para a
inspiração de um escritor tão dedicado (não é difícil imaginar que possam ter
sido intervencionados pela arte decorativa de Nicolau Nasoni no século anterior).
Também
se consta que neste palacete se chegou a instalar o rei D. Miguel durante a
guerra que travou com o seu irmão D. Pedro IV. Mais tarde, no início do século
XX, a proprietária da Quinta da Ponte da Pedra doou-a ao Estado Português por
não possuir herdeiros e o local veio a servir de albergue das pessoas idosas.
Essa condição de albergue continuou até à revolução de 25 de Abril de 1974,
quando os idosos foram recolhidos no Lar do Monte dos Burgos e o palacete ficou
disponível para acomodar famílias retornadas das ex-colónias.
Infelizmente,
os maus tratos verificados no palacete da Quinta da Ponte da Pedra já se
sucedem desde a altura em que foram acomodadas as famílias de retornados, que
não pouparam nem os seus jardins ao completo vandalismo que se estendeu até
2001, ano em que foi retirada a última família. Para piorar a situação do
monumento, deflagrou um incêndio em 2005 que devastou grande parte do palacete.
Ainda
hoje, apesar do conjunto de intenções da Câmara Municipal de Matosinhos para
proteger a propriedade e reabilitá-la, o palacete e os edifícios adjacentes da
quinta continuam devolutos, ensombrado uma área repleta de história e vital
para a arqueologia e para o desenvolvimento cultural de Leça de Balio, que é o
rio Leça e as áreas de proximidade do seu notável mosteiro, que se situa nas imediações.
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