O que à partida é óptimo
para a economia da cidade (e sempre o reconhecemos) não está isento de riscos.
Enquanto surgem cada vez mais hostels,
pousadas e hotéis no Porto e os números do turismo crescem de ano para ano
poucos parecem considerar o que se espera do outro lado da balança: a prudência
questionará se não se está a gerar uma bolha e se a presença em demasia de hotéis
não descaracterizará o Centro Histórico ou poderá ainda pôr em causa a sua classificação
como Património da Humanidade.
Esta opinião, ou
reflexão, avançada pela actual Secretária de Estado da Cultura cruza-se com
outros problemas já diagnosticados e que as notícias foram dando conta mediante
a “pressa” para transformar um centro histórico num espaço cosmopolita, mas despojado
ou pouco conciliador com os seus habitantes originais. Este fenómeno começou
com a reconstrução (não confundir com reabilitação)
dos prédios no Largo dos Loios legitimamente censurada pelo ICOMOS em 2012.
Vão-se suceder posteriormente as queixas de moradores da Zona da Movida relativamente
à falta de legislação ou regulamentação dos bares e da noite que os perturbam
durante os anos seguintes. E acresce-se a isso a pressão sentida pelos
moradores e lojistas originais (Sé/Vitória/S. Nicolau) por parte dos proprietários
para abandonarem as facções que ocupam para novos empreendimentos turísticos
(sobretudo hostels), algo que já foi
avançado numa notícia em Novembro de 2015. E agora surgem mais pedidos de
licenciamento de hotéis na ordem das dezenas – e sobretudo na Ribeira!
É certo que já
identificamos muitos palacetes e casas ou propriedades devolutas que davam para
ser transformados em excelentes em pousadas ou hotéis, mas sobretudo fora do
centro histórico classificado (antiga Fábrica de Cerâmica de Massarelos, as
ruínas do Convento de Monchique, a Quinta dos Salgueiros nas Antas, etc.), mas
tudo necessitará do seu equilíbrio. E se os próprios cidadãos do Porto, os seus
costumes, as suas tradições, o seu “bairrismo” e a sua relação com a cidade
também são parte do seu rico património, convém que estes não sejam esquecidos
ou continuadamente renegados para segundo ou terceiro plano.
Para variar, é errado
permitir que o “Efeito Donut” continue a acentuar-se no Porto (motivado até por
vários motivos, mas este é mais um) e que a cidade continue a perder os seus
cidadãos mais legítimos para as suas periferias. Habituamo-nos demasiado, enquanto sociedade, a pensar no presente; mas no futuro teremos de lidar com as possíveis consequências.
Fonte:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/cultura/hoteis-no-porto-podem-por-em-causa-patrimonio-da-humanidade
https://www.publico.pt/local/noticia/secretaria-de-estado-alertou-para-o-numero-de-hoteis-no-porto-e-apoiou-candidatura-das-caves-de-gaia-a-patrimonio-mundial-1721711
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=4886842
Fonte:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/cultura/hoteis-no-porto-podem-por-em-causa-patrimonio-da-humanidade
https://www.publico.pt/local/noticia/secretaria-de-estado-alertou-para-o-numero-de-hoteis-no-porto-e-apoiou-candidatura-das-caves-de-gaia-a-patrimonio-mundial-1721711
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=4886842
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