As
ruínas da Quinta do Covelo, em Paranhos, escondem uma história riquíssima. Era
conhecida por Quinta do Lindo Vale ou da Boa Vista devido à beleza da paisagem
circundante. Data de 1720 a sua construção e o seu primeiro proprietário foi o
capitão Pais de Andrade, fidalgo da Casa Real, que deixou extensa propriedade
às suas duas filhas. Veio posteriormente a ser conhecida por Quinta do Covelo
quando foi comprada por um comerciante de Amarante chamado Manuel José do
Covelo, que logo tratou de a melhorar e tirar máximo partido da mesma para
produzir cereais e vinho.
Quando
Manuel José do Covelo faleceu, acabou sepultado na capela anexa dedicada a Santo
António, que não conserva a sua cruz de pedra no alto do frontão da frontaria,
nem os sinos dos dois campanários desmantelados. A
propriedade foi adquirida depois por Manuel Pereira da Rocha Paranhos, que a
legou aos seus descendentes e essa é a principal razão pela qual veio a ser
também conhecida por Quinta de Paranhos.
Os
principais danos sofridos pela casa e capela da quinta ocorreram em 16 de
Setembro de 1832, na sequência das lutas entre liberais e absolutistas durante
o Cerco do Porto. Foi precisamente naquele local estratégico que esteve situada
parte da artilharia dos absolutistas que, ao transformar sem pudor a quinta
numa autêntica fortaleza, vigiavam os movimentos dos civis de Paranhos para
impedi-los de abastecer com alimentos a cidade cercada. Ora, nesse dia funesto
para a quinta, os liberais avançaram para contrariar os propósitos dos
absolutistas e arrasaram a dita quinta fortificada, desalojando o inimigo e
incendiando-a (apesar de se sucederem outros combates pela posse da mesma).
Após
a luta entre liberais e absolutistas no século XIX, a Quinta do Covelo nunca
mais recuperou dos estragos sofridos. E nem lhe valeu que um dos descendentes
de Manuel Pereira da Rocha Paranhos a deixasse parte da propriedade à Câmara
Municipal do Porto e outra parte da mesma ao Ministério da Saúde para servir de
unidade hospitalar no tratamento da tuberculose, em 2009.
A
casa principal e a capela anexa da Quinta continuam a ser um conjunto de
ruínas, junto a um parque infantil. Talvez, futuramente, as crianças que ali
brincam podem um dia regozijar-se de assistir no mesmo espaço as batalhas
recreativas das lutas entre liberais e absolutistas durante o Cerco do Porto,
dando a conhecer a possíveis participantes e visitantes parte da nossa mais
ilustre história.
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