Apesar de só restar o principal edifício
da estação, a sua história já é amplamente conhecida. O Porto foi dotado de uma
estação de nome oficial «Estação Ferroviária Porto-Boavista» que ficou bem mais
conhecida por Estação da Boavista. Foi projectada pela Companhia de Caminho de
Ferro do Porto para ligar a cidade até à Póvoa de Varzim e, apesar de ter sido
inaugurada em 1875, a construção desta importante estação foi apenas concluída
em 1876. Mais tarde, a linha ganhou outros troços e maior importância através
de várias ligações (Famalicão, Senhora da Hora, Guimarães), ganhando um
interface mais perto do centro da cidade na zona da Trindade (durante os anos
30).
Apesar do fluxo de passageiros da
Estação da Trindade ter ultrapassado em muito esta estação, nunca deixou de
representar o seu papel no conjunto de linhas ferroviárias senão até meados de
2000, quando acabou por ser desmantelada em virtude das obras para adequar
antigas vias ao metro e no decorrer das alterações da Porto 2001. A partir de
então o El Corte Inglês manifestou todo o interesse em usar o terreno do
terminal férreo desmantelado para erguer uma nova loja no Porto. Claro que
devido a critérios mal estudados – ou até mais mal pensados – o El Corte Inglês acabaria por se instalar antes em
Vila Nova de Gaia no decorrer de um parecer negativo da Câmara Municipal do
Porto durante o mandato de Rui Rio.
A área do terreno desaproveitado a norte da Praça Mouzinho de Albuquerque e o edíficio da Estação (a azul).
Os argumentos para esta nega da câmara
baseavam-se em lógicas de riscos para o comércio tradicional na área; depois
passaram para os riscos do esvaziamento de esvaziamentos da baixa e, na
verdade, percebemos que não há lógica nenhuma no que se baseia em mesquinhices
quando ironicamente se pretendia transformar o Mercado do Bolhão (ícone do
comércio tradicional!) num shopping
e, posteriormente, assistimos ao desenvolvimento dos serviços e do comércio na
zona de Gaia onde se instalou o novo El Corte Inglês.
Independentemente da questão do Porto
(não a sua área metropolitana, felizmente) ter perdido o El Corte Inglês, que
manteve mesmo assim o interesse em instalar-se na Boavista, o terreno e a
estação (esta ainda pertence ao Estado) permaneceram abandonados. Será difícil
contemplarmos nos próximos ano alguma utilidade válida que não assombre aquela
área desperdiçada, ao qual não somos imunes à idealização de mais um espaço
verde que ligasse a Estação de Metro do Porto à Praça Mouzinho de Albuquerque e
uma estação transformada em café ou em qualquer outro tipo de serviço em lugar
de no seu conjunto constituírem mais um espaço desprezado sem utilidade. Mas o
El Corte Inglês ainda pode acabar por levar a cabo a sua intenção inicial de
ocupar o espaço vazio, o que afinal de contas não seria tão mau.
Rui Rio propôs a construção do El Corte Inglês num local horrível, no parque de autocarros do Campo 24 de Agosto, e eles pisgaram-se para Gaia. De lembrar que todos os comerciantes junto da estação, com exceção do banco da esquina da rua 5 de Outubro, foram expropriados e indemnizados, com vista à contrução do edifício, que ia contemplar igualmente um grande estacionamento.
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