Em cima: uma rara representação de uma vieira a indicar o caminho medieval para Santiago de Compostela na zona da Sé do Porto (tão rara que não encontramos mais nenhuma no caminho do centro histórico).
Todos aqueles que se
interessam pelo Centro Histórico do Porto e pela sua valorização, sobretudo
pela área classificada pela UNESCO, não pode deixar de ignorar a crua verdade
de que embora muito tenha melhorado nos últimos anos ainda há muitos aspectos que
ainda deixam a desejar. Não se trata só de melhorar em matérias de reabilitação
e ambientais, mas igualmente no que toca às vias de circulação e acesso.
O condicionamento do
trânsito na Rua das Flores pode ter sido uma melhoria válida e um primeiro
passo nesse sentido, mas não faltam outras artérias a necessitar urgentemente
de maior atenção e de intervenção por parte do poder local – principalmente
quando falamos de artérias que atraem turistas e que estão intimamente ligadas
à história da cidade ou que oferecem um potencial único que não está
devidamente aproveitado. É que um dos mais curiosos exemplos diz respeito ao
Caminho para Santiago de Compostela que pode ser iniciado na Ribeira ou na Sé
Catedral do Porto e passa por Vitória; já é estranho que o município não se
organize com outros (principalmente com o de Matosinhos, que ainda desvaloriza
também a rota litoral do Caminho para Santiago) para melhorar uma via ideal
para peregrinos ou meros caminhantes, como despreza em absoluto a sinalética
que deveria ser crucial para orientar o visitante.
Mais uma seta na zona da Sé: um parco esforço de sinalética, que embora seja recorrente nos caminhos para Santiago, não ilustra o melhor que se pode fazer para dignificar uma cidade histórica como o Porto.
A sinalética em alguns
pontos quase não é reconhecida – resume-se a uma seta amarela pintada por uma
vulgar lata de tinta (esperemos que não tenha sido a Câmara a fazê-lo, embora isso,
por outro lado, também nos preocupa). Este desleixo quase dá ideia de que não
há mais a fazer. Quase! Mas mesmo se tratando de um roteiro medieval que leva a
subidas e descidas abruptas não há desculpa para não melhorar e investir mais
nestes primitivos acessos carregados de história. É impressionante que esta
cidade nem disponha de um simples albergue no seu centro histórico ou revele as antigas casas que
serviram de apoio aos peregrinos em épocas recuadas! (Os albergues existentes estão distantes e não junto ao antigo Caminho medieval)
Ao deixar o Centro
Histórico poucos saberão por onde prosseguir se desejarem acompanhar o velho
caminho seguido pelos peregrinos de outrora. Deixam de existir indicações válidas, bem visíveis, e não há nenhuma
placa ou nenhuma linha ou representação urbana com um indício de continuidade
clara (se as existiram, entretanto desapareceram). Este problema cruza-se com a
ausência de roteiros históricos que poderiam ser sinalizados nos próprios
passeios – quem os organiza serve-se da imaginação e conhecimentos que
visitantes livres nunca teriam. Cruza-se igualmente com a ausência de uma
nítida travessia pedestre destacada para atravessar todo o centro urbano (como
poderia servir o eixo Rua Dr. Sousa Vitelo – Rua das Flores – Rua do Bonjardim,
sendo ainda mais estendido), dotado de uma ciclovia e/ou de um tipo de
calcetamento exclusivo. E cruza-se com a ausência de uma circular verde, como
já foi debatida em tempos.
À direita, em cima, e à esquerda, em baixo: Além de não se ter dado prioridade a este secular roteiro em termos de reabilitação urbana, em vários casos a sinalética desvanece-se, comprovando o desinteresse e desmazelo de um munícipio que ainda não sabe - ou não quer - olhar a detalhes.
O Caminho para Santiago
de Compostela é uma vergonha e confirma que as rotas pedonais não são
prioridade numa cidade que já de si apresenta um urbanismo que ainda deixa
muito a desejar para a própria circulação automóvel – é que se o futuro passa
por libertar ainda mais o centro dos automóveis que não sejam públicos ou de
residentes, os caminhos pedonais e as ciclovias têm de ganhar maior
protagonismo. E quanto ao Caminho para Santiago em si, há que pensar realmente
em colocar algumas placas ou qualquer outro tipo de sinalética bem mais
interessante do que uma mera seta amarela nas paredes de antigos prédios que
pode ser confundida como um rude acto de vandalismo. Vulgares azulejos com uma
vieira pintada já poderiam fazer a diferença… mas isso é apenas um pequeno
exemplo do muito que poderia ser feito.
Nota: Até agora, as indicações que temos é que a sinalética existente deve-se só e apenas a cidadãos anónimos e peregrinos que se preocupam em preservar e estimar este velho Caminho, receando que o vandalismo e a falta de interesse da Câmara acabe por sacrificá-lo e torná-lo irreconhecivel ou identificavel por outros peregrinos e turistas. É triste comprovar-se que ainda há casos em que cidadãos que com os poucos recursos que têm tentam fazer muito mais do que as autoridades competentes.
Nota: Até agora, as indicações que temos é que a sinalética existente deve-se só e apenas a cidadãos anónimos e peregrinos que se preocupam em preservar e estimar este velho Caminho, receando que o vandalismo e a falta de interesse da Câmara acabe por sacrificá-lo e torná-lo irreconhecivel ou identificavel por outros peregrinos e turistas. É triste comprovar-se que ainda há casos em que cidadãos que com os poucos recursos que têm tentam fazer muito mais do que as autoridades competentes.
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