Entre os vários prédios
revestidos a azulejos na urbanização do Cirne, no Bonfim, caracterizados por
uma ténue ou mais completa influência Art
Nouveau, não passa despercebida esta antiga moradia na esquina do
cruzamento da Rua Joaquim António de Aguiar com a Rua do Duque da Terceira. Os
elementos vegetalistas não só marcam presença nos seus azulejos verdes e nos
seus gradeamentos como ainda são reconhecidos através da sinuosidade de
molduras das janelas e portas ou de outros contornos que lembram a arquitectura
barroca – se bem que mais estilizada.
As acácias das ruas
ensombram um pouco o imóvel, mas longe de serem incoerentes com a sua
arquitectura e a aprazibilidade que transmite esta velha urbanização, dão-lhe
um efeito “vivo”, perdendo apenas por estar abandonado e em processo de
degradação.
A moradia foi erguida
para nela habitar António Joaquim Moreira de Sousa, que adquiriu o terreno onde
se encontra em 1908, confiando o seu projecto a Manuel Ferreira Ribeiro.
Todavia, o projecto original foi alterado e rectificado ao longo dos anos,
tendo levado a vários acrescentos que são facilmente distinguidos. Mais tarde,
com a morte do seu proprietário, a casa passa para as mãos de um sobrinho que a
vende a Francisco José Leite em 1922. No ano de 1929 é comprada por Adriano
Rebelo de Melo Cabral, que nela habita até aos finais do século XX. Os seus
herdeiros venderam a moradia à empresa Valaminaz – Arquitectura e Construção,
mas por motivos que nos são alheios o imóvel permaneceu vazio e sem um projecto
para reabilitá-lo desde então.
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