Numa rua estreita que
não se situa muito longe do centro de Ermesinde situa-se um dos edifícios mais
imponentes da cidade que teve uma destacada importância cultural durante a
segunda metade do século XX. Trata-se do seu Cine-Teatro local, que apesar de
passar um pouco despercebido, ainda tem uma dada relevância para a história da
cidade.
Existe a referência à
existência de um Cine-Teatro de Ermesinde pelo menos desde os anos 20 do século
anterior, sobretudo porque veio a ser palco das actuações da União Dramática
Beneficente de Sá, fundada em 1929. Mas essa referência não diz de certeza
absoluta respeito a este edifício de betão que hoje se encontra devoluto.
Apesar da inexistência de informações relativamente ao período em que foi
erguido ou quem foi o seu arquitecto, não é difícil reconhecer uma linguagem
própria que acompanha o rigor do Português
Suave, o que nos leva a especular, sem certezas, que terá sido erguido
entre os anos 50 – 60 do século XX; possivelmente até poderá ser anterior, mas
estimamos que a nossa margem de erro não é grande. (E não é errado acusar aqui
a presença de uma linguagem Art Deco
austera que é mais típica dos anos 40, mas que foi adaptada e combinada formalmente
com a arquitectura portuguesa característica do Estado Novo, verificando-se
exemplos que se prolongam para lá dessa década).
Gostaríamos de revelar
mais sobre o Cine-Teatro de Ermesinde, e é possivelmente que futuramente
venhamos a descobrir mais, mas independentemente da sua origem, que acompanhou
certamente a procura crescente da população local pelas artes do espectáculo e
sobretudo pelo cinema, podemos afirmar que esteve em funcionamento até meados
dos anos 70, explorado por Cunha Reis. Após a sua morte, o seu filho foi
obrigado a encerrá-lo mediante a quebra da procura da projecção de filmes e com
a vulgarização e popularização do vídeo – um fenómeno que afectou muitos
cine-teatros de funções idênticas espalhados pelo país. Encontra-se abandonado
desde então.
Em tempos, a Câmara
Municipal de Valongo, concelho ao qual pertence a cidade de Ermesinde,
tencionava adquirir o edifício para requalificá-lo e restituir-lhe algumas das
suas funções similares, procurando devolver à cidade um monumento com um dado
valor cultural, mas com a abertura do Maiashopping
nos anos 90 com onze salas de cinema tão perto do centro da cidade esse plano
foi definitivamente abandonado.
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