Entre os vários
edifícios que se podem encontrar na Rua dos Mártires da Liberdade, existe uma
habitação que ocupa todo um prédio e cuja fachada se destaca da maioria.
Trata-se do Nº182, um prédio dotado de uma certa elegância com uma fachada de
granito cuja composição ecléctica se deixa influenciar pelas linhas de José
Marques da Silva e pela arquitectura medieval – sobretudo a nível das janelas
do primeiro piso, sobrepujadas por um arco gótico.
Este revivalismo
medieval encontra ecos na arquitectura da época, principalmente entre as obras emblemáticas
de maior destaque, mas não nos foi possível identificar até ao momento o
arquitecto responsável pelo projecto deste prédio singular, embora não nos
surpreendesse que fosse uma obra de Francisco de Oliveira Ferreira (1884 –
1957), discípulo do próprio José Marques da Silva e de José Teixeira Lopes,
tendo projectado dentro do mesmo período o prédio do Club dos Fenianos
Portuenses, de 1919.
Do pouco que sabemos
sobre esta casa resta-nos o nome do seu primeiro proprietário, Joaquim Ferreira
da Costa, que a mandou construir em 1918 para nela habitar. Com uma fachada
quase inteiramente coberta de granito, cuja leveza é mais assegurada pelas
janelas e pela presença de arcos, sobretudo o que rasga o segundo piso e é
apoiado por uma coluna dórica e dispõe de uma balaustrada, quase passa
despercebido o curto painel de azulejos azuis e brancos com elementos
vegetalistas que podemos encontrar noutros tons noutras moradias e prédios do
início do século XX espalhados pela cidade do Porto, que não seguem apenas as
linhas da Arte Nova, mas que representam de forma inequívoca o Green-Man com a fidelidade de uma linha
revivalista gótica presente noutros elementos decorativos da arquitectura da
cidade que permaneceu viva e adaptada a novas correntes estilísticas.
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