É de questionar se uma casa tão pequena, que se destaca apenas pelo número 1934 (a data da sua construção) em relevo num painel sobre a única janela virada para a rua deverá ser reconhecida como património. Todavia, embora as suas dimensões ou a sua arquitectura não preenchem o interesse ou a curiosidade de muitos, que reconhecem em muitas outras grandes obras espalhadas pelo Porto uma expressividade e um valor histórico mais significativo, não poderemos ignorar que se trata de uma obra de um arquitecto relevante da cidade e que também não merece cair no anonimato.
Mário Augusto Ferreira Abreu projectou esta casa, designada como prédio, para Narciso Duarte, o seu primeiro proprietário, que nela veio a habitar durante os anos 30. A influência Art Deco é nítida, se bem que residual. Talvez seja mais justo referir-se à mesma como modernista, enquanto muitos investigadores veriam nela uma simplificação absoluta de ambos os estilos da arquitectura.
Enquanto o piso superior se encontra virado para a Rua de Santos Pousada, cuja fachada transmite a degradação absoluta que actualmente a caracteriza, um outro piso encontra-se virado para um pátio a nível inferior do pavimento da rua. Curiosamente, era no primeiro piso, inferior, que se encontravam os quartos da casa, enquanto a cozinha e sala de visitas se encontrava no piso superior. Realmente é de questionar se sobre o pequeno espaço que ocupa a casa não seria possível antes erguer um prédio de vários andares que melhor o aproveitasse, permitindo ser ocupado por maior número de habitantes. Todavia, mesmo que estivessemos dispostos a sacrificar uma obra de um arquitecto notável, por mais pequena que seja ou insignificante que pareça, também dá para questionar se não seria possível aproveitar parte da mesma e erguer em altura um prédio coerente com as linhas que Mário Abreu concebeu.
Enfim, questões... Mantê-la no estado em que se encontra é que parece ser pior ideia.
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