25/08/2014

Moradia Nº65 da Rua de Sacadura Cabral


Já há algum tempo que procuramos estudar e exemplificar este imóvel como mais uma obra de um conhecido arquitecto da cidade do Porto que está ao abandono e para o qual  não parece existir algum projecto para o recuperar.

O arquitecto Júlio José de Brito (1896 - 1956), que também merece um mais digno reconhecimento e ao qual a câmara municipal do Porto poderia promover um roteiro das suas obras - o mesmo propomos, evidentemente, para as obras do famosos arquitecto José Marques da Silva (entre outros que tanto marcaram a nossa cidade) -, projectou esta nobre moradia em 1930 para residência do proprietário João Rodrigues Assunção.

Construída no ano de 1931, a moradia apresenta alguns dos traços mais austeros da Art Deco, que são evidentes na fachada principal, na entrada correspondente ao número 65 que rasga uma parede em cantaria de apoio ao corpo saliente de uma janela dividida em três ângulos muito comuns na arquitectura portuguesa da época e com um magnífico vitral ainda intacto do alto janelão rectangular que ilumina a escadaria interna de acesso ao andar superior. Mas se nesta fachada é evidente alguma dessa linguagem formal, o mesmo não se pode dizer da fachada de muro curvo da entrada nº53 virada para o encontro da Travessa da Carvalhosa com a Rua de Sacadura Cabral, que apresenta uma inspiração mais clássica, erguida essencialmente em betão armado, com uma loggia simples e angular sobrepujada ao nível do primeiro andar com colunas e balaustrada.



É mais uma moradia única na cidade do Porto, similar a tantas por se encontrar vazia e com sinais de degradação. Júlio de Brito pode ter projectado o Teatro Rivoli, a Junta de Freguesia de Cedofeita e muitos outros edíficios marcantes da cidade do Porto durante parte do século XX, mas esta casa ainda não parece ter encontrado destaque pelos melhores motivos no seu currículo.

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