Na Praça da República subsistem duas casas centenárias lado
a lado que pouco têm em comum senão o seu estado devoluto e se situarem junto
da mesma praça. Correspondem ao Nº26 e Nº29, respectivamente.
A Habitação Nº26, tipo prédio, é bastante antiga e já
habitada desde o século XIX (ou talvez antes desse mesmo período). Bastante
típica entre as casas ditas “clássicas” do Porto, tem uma fachada estreita
rasgada por janelas rectangulares com gradeamentos em todos os pisos, com a
excepção do rés-do-chão, com três entradas que estão actualmente emparedadas.
Destaca-se por ter uma chaminé central. Contando com diversas intervenções,
consoante os proprietários que se sucederam, ganhou um novo andar no ano 1895
por vontade do residente Joaquim Simões Silveira. Em 1911 voltou a ser
intervencionada pelo proprietário Albano Ramos Pais, talvez para se adaptar e
conjugar com o gosto mais aperfeiçoado da casa vizinha, a Nº29, que foi
construída nesse mesmo ano.
De fachada elaborada e distinta, com ricos trabalhos em
cantaria, só se compara à habitação vizinha por ter uma fachada igualmente
estreita. O seu proprietário era o mestre pedreiro António Faria Moreira Ramalhão
(1896 – 1936) que a desenhou em 1910 para vê-la erguida no ano seguinte. Fez o trabalho simultâneo de arquitecto, técnico e mestre de obras. É
constituída por quatro pisos e ainda por uma arrecadação (que não é visível do
lado da Praça da República). Não podemos deixar de apreciá-la devido às suas
linhas mais elegantes, com janelas e portas de arcos redondos e pelas suas varandas
centrais, principalmente a do terceiro piso, curva, que ainda mantém o seu
gradeamento original. Nesta casa podemos apreciar algum eclectismo de
influência francesa em conjugação com detalhes da Arte Nova. Arquitecto e sobretudo notável Mestre Pedreiro, como atesta a
fachada do Nº29, António Faria Moreira Ramalhão é pouco conhecido e a sua obra
na cidade do Porto também passa despercebida (embora podemos encontrar o seu
traço nalgumas fachadas em granito de várias habitações do início do séc. XX); esperemos que esta sua bela casa também
não caia no esquecimento.
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