Este palacete, tal como o vizinho Palacete de Vilar de
Perdizes e o Palacete dos Maias na Rua das Flores, é uma das raras habitações
de famílias nobres situadas dentro da cintura de muralhas da cidade do Porto,
no meio da população. Tendo em conta que a presença e fixação de nobres eram
escassas ainda durante o século XVI e que tal começa a intensificar-se apenas
com o domínio filipino e durante o século XVII, presume-se que algumas das
casas mais distintas da cidade pertenceram sobretudo a famílias burguesas e,
tendo em conta a localização deste palacete, é provável que a sua origem
remonte à residência de uma dessas ricas famílias de tradição mercante que
então residiam na Rua das Taipas.
Certo é que o palacete com o número 74 foi alterado durante
os dois séculos seguintes, embora mantenha uma sobriedade e características
formais próprias do século XVII. O brasão em pedra que embeleza a entrada
principal, apesar da moldura barroca, poderá ser apenas do século XIX, época em
que terão sido sacrificados provavelmente alguns elementos decorativos de
períodos anteriores e se fizeram profundas alterações a nível dos telhados (e
possivelmente a redução da altura do primeiro piso, ao qual poderão ter sido
sacrificados frontões que encimavam os janelões rectangulares deste). O brasão é
o da família Leite – comprovando a sua fixação neste edifício talvez já no
século XVIII (senão antes).
Não é fácil concluir quando o palacete deixou de ser uma
residência nobre ou como acabou por ser cedido a outros particulares; talvez
tenha sido abandonado durante o período do Cerco do Porto (1832 – 1833). No
início do século XX serviu de sede ao Clube Inglês, que se fixou posteriormente
noutro palacete nobre próximo, na Rua das Virtudes. Funcionou ainda como uma
drogaria que aparentemente se manteve até à segunda metade do século XX, mas já
durante esse período exibia alguns danos e sinais de desprezo que se
intensificaram durante as últimas décadas, que resultaram em mais um exemplar
do património abandonado na cidade do Porto.
Mais que ser reabilitado, este imóvel merece uma reavaliação
e um digno estudo arqueológico para que as suas origens sejam mais conclusivas
e o seu lugar na história da arquitectura privada do Porto seja devidamente reconhecido.
Aqui funcionou (e funciona) uma empresa de bombas de água e que chegou a ser a própria fábrica. Pertenceu aos viscondes de Alcobaça.
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