O Palacete Nº75 da Praça da República que faz esquina com a
Rua de Álvares Cabral foi conhecido durante muitos anos por ter albergado o
Instituto Francês, que fechou em 2004. Hoje é mais um monumento vazio, que
acabou devorado por um incêndio ocorrido há poucos anos. Felizmente mantém a
sua fachada nobre intacta, digna de apreciação dos que são a favor da defesa do
património, de curiosos ou até de turistas interessados na nossa arquitectura
histórica.
Ao contrário do que muitos pensam, este não é o palacete
original da Quinta de Santo Ovídio que pertenceu ao Conde de Resende e da qual
fazia parte uma ampla extensão de terrenos onde hoje se encontram as casas
ilustres da Rua Álvares Cabral; essa casa foi demolida por altura de abertura
da rua e as suas características formais eram do século XVIII, certamente
carregada de elementos barrocos. Este palacete é mais recente e foi construído provavelmente
com reaproveitamentos da antiga casa da quinta aquando da altura da sua demolição
entre 1895 e 1897 – embora se propague a teoria que foi a parte que sobreviveu
da mesma, que era comprida, composta por várias alas de dimensão considerável.
Teorias à parte, que não podemos comprovar, reconhecemos inequivocamente na sua
fachada principal inúmeros elementos dos finais do século XIX, sendo certas as
intervenções já do início do século XX.
Não temos como comprovar que o Conde de Resende, sogro de
Eça de Queiroz, terá habitado alguns anos neste palacete, quando o mais
certo é a sua compra por privados após ter sido sido rasgada a Rua de Álvares
Cabral. Nos anos 20 já estava em posse de Maria Celestina Alves Machado,
proprietária ainda de várias casas que arrendava na Rua de Álvares Cabral,
tendo feito várias obras de remodelação no palacete. Actualmente não está
habitado e encontra-se para venda.