O
grande parque de estacionamento situado na Rua Guedes de Azevedo, mais
conhecido por Silo-Auto, tem como nome oficial Parque de Estacionamento Sá da
Bandeira (ou das Carvalheiras). Na verdade, o nome pelo qual hoje os portuenses
o designam provém do grupo Silo-Auto –
Companhia dos Parques de Estacionamento S.A.P.L. que mais tarde tomou posse
deste parque.
As
opiniões dos cidadãos sobre este edifício que foi uma obra de modernização no
centro do Porto dividem-se: há quem o designe como o “mamarracho” que ensombra a Rua do Bolhão e roubou um espaço verde
à cidade, tornando-a ainda mais cinzenta como produto da especulação
imobiliária que decorreu durante os anos 60 de século XX e se previa que fossem
necessários mais locais de estacionamento no Porto; há quem o designe de uma
obra bonita, moderna e com um bom impacto no sentido funcional, algo neutro na
paisagem urbana. Mas no geral os portuenses consideram-no subaproveitado e
menos atraente para o estacionamento automóvel do que seria (ou do que supostamente deveria ter sido) há décadas atrás.
Projectado
pela Urbal – Urbanizadora Lda. em
1961, e construído durante os anos seguintes, o edifício pode ser descrito como
uma estrutura de betão armado cilíndrica de sete pavimentos destinados ao
aparcamento, dispondo ainda de estação de serviços, para o qual era ainda originalmente
previsto um restaurante no 10º piso e uma pista de gelo para hóquei no 9º piso.
Os pilares, as paredes, as vigas e lajes formariam um conjunto de grande pureza
formal próprio da sua modernidade. E deveria ser ainda rematado por uma cúpula
metálica.
Este
projecto ambicioso contou com os arquitectos Alberto Pessoa e Joel Abel Manta,
para além das assinaturas dos engenheiros Eduardo Henrique C. Carvalho, Joaquim
da Silva Carvalho e Carlos A. Alvim de Castro, que testemunharam e protagonizaram
sucessivas alterações no decorrer das obras ao longo da década. O complexo, que
continuou em construção em meados dos anos 70, não chegou a ter a sua pista de
gelo para hóquei, como se intencionava. E a dada altura, no espaço interior do
que deveria ser a pista de gelo, chegou-se a imaginar um espaço a descoberto,
com um jardim. Acrescentar-se-ia a isso um amplo espaço de comércio, com um
snack-bar adicionado ao restaurante, com pistas de bowling, e ainda mais outro
bar.
Actualmente
o parque de estacionamento apresenta uma alta cúpula moldada em alumínio
revestida em fibrocimento que em nada ajuda a embelezar o seu remate (sendo
composto por amianto, também não é um bom elemento para a saúde pública). O tom
cinzento do betão, os preços pouco apelativos, o restaurante abandonado
(coberto de feias placas verdes de metal) e os sinais de desgaste levam a crer
que necessita de uma reabilitação ou de uma intervenção para que se torne algo
de mais emblemático e seja convidativo aos automobilistas que pretendam
estacionar no centro da cidade.
Sugeríamos que a cobertura de fibrocimento fosse
retirada de imediato e o espaço de restauração reaproveitado (talvez pudesse
mesmo funcionar como bar ou discoteca, ao qual se poderiam juntar outros mais).
A melhor das coberturas poderia passar por ser um tecto verde, mais ecológica,
similar à solução encontrada na Estação da Trindade ou até mesmo na renovada
Praça de Lisboa. Mas a ideia de isenção de cobertura, ainda assim dispondo de
jardim, também não era má para os que desejassem usufruir de esplanadas que
permitissem visualizar parte da cidade do Porto do seu topo.
Quanto
à feia cor do betão, soluções não faltam, mas passam mesmo por uma vontade de
reabilitar esta estrutura no sentido de deixar de parecer o «monstro cinzento» que deprime a paisagem urbana. São cada vez mais
os cidadãos que desejam viver numa cidade menos sombria ou cinzenta.
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