O que já foi uma escola
é hoje em dia mais um daqueles espaços desocupados que servem os piores
propósitos que habitualmente identificamos nas áreas mais desprezadas e
devolutas da cidade do Porto: extremo vandalismo ou tráfico e consumo de droga
aliados a outros negócios ilícitos (acresce-se a isto a indicação de ser uma
zona de prostituição, segundo quem reside nas imediações).
Tratando-se de uma área
abandonada e degradada contígua à nova escola Básica e Secundária do Cerco que
foi requalificada pela Parque Escolar há poucos anos, pergunta-se o que falhou
para que se tornasse um conjunto decadente na qual se verificam actividades que
deixam pais e educadores, bem como muitos moradores próximos, altamente
alarmados e indignados. Com esta requalificação e consequente esvaziamento da
velha Preparatória, previa-se em 2010 a sua apropriação por um novo centro de
saúde substituto da precária Unidade de Saúde do Ilhéu, algo que não se veio a
concretizar, permitindo-se que a velha escola se degradasse e sofresse os
efeitos da rapina consecutiva de materiais construtivos (principalmente
metálicos).
Este caso não é apenas
um síndrome de desprezo pela zona oriental do Porto e por uma das freguesias
mais pobres da cidade, em que o Estado (também) é fortemente culpado, mas um
exemplo que na inadequação do reaproveitamento atempadamente de imóveis ou
estruturas disponíveis podem-se gerar e alimentar os graves problemas que em
parte a própria reabilitação pretende combater – a garantia de requalificação
de bens, imóveis e equipamentos para servir adequadamente um grupo de cidadãos
ou uma dada população; nunca para prejudicá-los.