06/04/2016

O Porto Despertou para a Arte Urbana



É uma afirmação já com alguns anos de atraso – uma das maiores confirmações de que o Porto começou a sair da sua Idade das Trevas (ou uma das suas Idades das Trevas, porque já existiram várias e elas poderão sempre voltar a ressurgir) é a tolerância para com a arte e sobretudo uma maior abertura para a cultura:«O Porto Despertou para a Arte Urbana» Trata-se de uma marca de civilização óbvia que coloca a cidade num patamar verdadeiramente europeu.

Não deixando de estar atentos a tudo o que promete transformar o Porto (em muitos casos para o melhor), evidentemente que teriamos de assinalar a importância dos murais nesta cidade, desde o mural colectivo da Rua de Restauração que já passou por várias transformações ao mural de "D. Quixote e Sancho Pança" na Rua de Diogo Brandão e à obra expansiva de Hazul Luzah (para nomear apenas uma parte).



O despertar e a promoção da Arte Urbana tomaram enfim repercussões assinaláveis, principalmente a nível das pinturas murais, que finalmente deixaram de ser reconhecidas como sinais de vandalismo (no que toca à Street Art, por vezes as fronteiras são ténues) e a cidade ganha novas tonalidades, quebrando de vez com o tom cinzento e sombrio que muitas das suas áreas adquiriram por via de um vazio – vazio intelectual, vazio cultural, vazio criativo, etc. – e devido a um conservadorismo ou a uma intolerância severa própria da incompreensão daqueles que encaram a homogeneidade e o máximo rigor e a ordem austera como um ideal próprio do espírito humano (curiosamente, esse é um princípio que deve ser aplicado ao funcionalismo que deveria caracterizar o urbanismo, a arquitectura utilitária, equipamentos, etc., mas nem por isso a cidade do Porto é verdadeiramente funcional). O Porto há muito que carecia de mais cor, de mais atitude e de maior expressividade que só a arte pode conferir.

Perante o que encaramos como um fenómeno positivo, que pode adquirir ainda maior amplitude, só lamentamos que seja (quase) só a pintura mural a adquirir todo este protagonismo. Certamente marcada por uma assinalável contemporaneidade falta ainda valorizar alguns enquadramentos relacionados com o passado e com o futuro, embora tenhamos de reconhecer que face à pintura mural, algumas intervenções possam ser um pouco mais dispendiosas na execução e na manutenção.




Mas quando falamos de um enquadramento passado, referimo-nos sobretudo à Azulejaria, que deveria voltar a adquirir um maior protagonismo numa cidade onde os azulejos dotaram fachadas mais antigas de maior beleza e apreciação (como os casos da Capela das Almas na Rua de Santa Catarina e da Igreja do Carmo na Praça de Carlos Alberto). Quanto a um enquadramento futuro, falamos de intervenções que não estão apenas alinhadas com possibilidades tecnológicas mas antes com preocupações ambientais e de renovação paisagística – por algum motivo, o Porto ainda carece de Green Walls (Paredes Verdes) ou Jardins Verticais que podem ajudar a absorver a poluição e a dar uma melhor aparência a muitos locais e edifícios, tornando-se visualmente interessantes. O mesmo já se faz em várias cidades europeias e são o fruto do trabalho de várias artistas dotados de maior preocupação ambiental. 

0 comentários:

Enviar um comentário


(Reservamo-nos ao direito de remover opiniões que, repetidamente, contenham comentários considerados ofensivos e descontextualizados.)

Artigos Populares

Envie as suas ideias!

Nome

Email *

Mensagem *